DO CANADÁ AO BRASIL POR TERRA - DIA 15 |
UMA SEXTA-FEIRA NORMAL, QUENTE, ABAFADA
E DE TAREFAS MERAMENTE JORNALÍSTICAS
Vasco Oswaldo Santos (Texto e fotos)
José Ilídio Ferreira (Fotos)
Adiaspora.com
António Perinú (Texto e Fotos)
Sol Português
Cidade do Panamá, Panamá, 19 de Outubro – Esta grande alteração no percurso vai agora obrigar-nos a mais tempo parados, até, pelo menos à chegada do navio a Callao, previsto para o dia 31 deste mês. Parados de viagem por carro. Que este compasso de espera nos vai ajudar muito nas reportagens locais, mais aprofundadas, que a corrida louca de Toronto a Colón não nos havia permitido. Soubesse a gente o que sabe hoje. Contudo, havia coisas que teriam sido ainda piores. Há momentos, interrompemos este relato para, na CNN em espanhol, vermos a desgraça que se abateu nos países centroamericanos que recentemente atravessámos e que tantos problemas nos causaram. Redobraram os temporais, há mortes a lamentar, acidentes rodoviários bem piores que aquele que nós próprios experimentámos.
Mar de Rosas
............................................. Músico
O nosso dia de hoje foi relativamente calmo e descontraído embora extremamente ocupado. De manhá alterámos as nossas passagens aéreas, maracadas para 25. Assim, em vez de voarmos do Panamá para Guayaquil, Equador, vamos até Lima, Peru. Tratou-se desta mudança logo que saímos.
Os organizadores ............................... A Rainha
Na Avenida de España, à saída da COPA Airlines, a linha aérea nacional aliada à Continental Airlines, ouvimos o rufar de tambores. Era uma monumental parada, com mais de 5.000 participantes, chamando a atenção para a luta contra o cancro da mama, um problema que está a ser internacionalmente discutido nesta cidade. Por todo o comércio, transportes, bancos, edifícios governamentais, municipais e empresas se encontra arvorada a fita cor-de-rosa, simbólica desta missão.
Figura Típica
Era um mar de gente vestida mormente de cor-de-rosa, balões, bandas musicais, alguns trajes folclóricos, incorporando gente de todas as etnias e grupos étnicos, escolas, organismos de saúde pública, bombeiros e ministérios. A despeito do calor abrasador e abafado que se sente desde manhã cedo - e que no momento em que escrevemos estas linhas se transformou em bátegas de água e trovoadas – as pessoas marcahram alegremente, a passo acelerado, chamando a atenção pública para esta praga dos nossos dias. Curiosamente, continuando a bater tematicamente na tecla do auto-exame à mama, quando, muito recentemente, no Canadá e Estados Unidos, as grandes publicações médico.científicas põem em causa esta técnica, afirmando nada contribuír para a detecção de tão funesto tipo de cancro. Do complexo Hospitalar Dr. Arnulfo Arias Madrid eram aos milhares os panfletos distribuídos com os passos a seguir para o auto-exame, algo apoiado pela multinacional Nestlé, de productos lácteos e alimentares. Vivemos realmente em mundos bem separados!
Uma bela reportagem fotográfica no Cerro Ancon
Terminada a recolha de fotos na parada, Zé, António e Luís rumaram ao Cerro Ancon, um recanto histórico elevado, frente às instalações portuárias da Cidade do Panamá, à entrada e saída do canal para o Pacífico, onde se situa a celebérrima Ponte das Américas, ex-libris desta cidade. Mas o local tem muito mais para ver e visitar.
Trata-se de uma zona protegida, tipo reserva biológica, com vetusto arvoredo a lembrar os caminhos estreitos e verdejantes do trajecto de Sintra para a Pena e Monserrate.
Do seu alto, onde flutua orgulhosamente uma enorme bandeira panamiana, foi ao longo da história conturbada do país um local onde todos os olhos se dirigiam: é que a independência do Panamá foi sempre ditada pelo flutuar do pavilhão azul. Branco e escarlate no topo da Sierra.
Testemunhos históricos reflectem-se no monumento à poetisa Amélia Denis de Icaza (1838-1911) que no seu poema patriótico “Al Cerro Ancon”, escrito em 1906, apela ao início da luta nacional pela recuperação do território panamiano sequestrado:
Ya no guardas las huellas de mis pasos
Ya no eres mi idolatrado Ancon
Que ya el destino desato los lazos
Que en tus faldas formo mi corazón
Também o presidente do Panamá, Dr. Arnulfo Arias Madrid tem monumento erguido na forma de arcada semi-circular, ajardinada, frente a uma belíssimo bronze de movimento dramático em honra dos trabalhadores que abriram o primeiro canal do Panamá.
Como não podia deixar de ser, uma lápide mais moderna assinala o momento venerado da entrega do Canal à administração panamiana pelo então presidentes dos Estados Unidos da América Jimmy Carter, a 7 de Setembro de 1977, em consequencia do tratado conhecido por Torrijos-Carter.
Complemento dominante deste conjunto é a Ponta das Américas, a ligar o continente americano. Ao mesmo nível, se pode do alto do Cerro desfrutar a vista sobre os núcleos habitacionais de Miraflores, Pedro Miguel, Santenário, La Boca e o aeroporto de Albrook assim como o Barrio de San Felipe, mais conhecido por Casco Viejo e Baía de Balboa com os seus arranha-céus.
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Palavras de agradecimento
Nestes últimos três dias, foram muitos os “repetentes” no envio de mensagens de boa viagem e êxito pela nossa Expedição. Aqui ficam lavrados os nomes dos que nos felicitaram pela primeira vez: Fernando Abreu e Luisa Matos da “Churrasqueira do Sardinha”, Toronto, Canadá; actriz Carla (Santos) Vasconcellos, Lisboa, Portugal; Ruth Fernandes, Toronto, Canadá; Cecília Botelho, Toronto, Canadá e Paula Reditt, Fresno, Califórnia, EUA. Também fomos informados que alguns círios ardem pela nossa segurança.
Bem-hajam!
Esta reportagem poderá também ser lida nas próximas edições de “Sol Português” e “Voice”.
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