VOANDO SOBRE OS ANDES, O PACÍFICO E AS BRUMAS
POR CIMA DA LINHA DO EQUADOR

Vasco Oswaldo Santos (Texto)
José Ilídio Ferreira (Fotos)
Adiaspora.com
António Perinú (Texto)
Sol portugués

Miraflores, Lima, Peru, 25 de Outubro – Escrevemos, finalmente, do Hemisfério Sul, ou seja, de cabeça para baixo, depois de uma viagem de 3 horas e quinze minutos, com a COPA, a linha aérea nacional do Panamá, subsidiária da americana Continental Airlines, que num modernísimo Boeing 737-300 nos levou até ao aeroporto de Callao, a uma trintena de quilómetros de Lima, a capital do Peru.

De manhã, bem antes da hora, o António dos Santos veio buscar a equipa de Adiaspora.com /Sol Português/Voice ao hotel para nos transportar ao aeroporto Tocumen. Um gesto que muito apreciámos.
Agora, um episódio cómico. O escriba Vasco Oswaldo Santos não fuma. Um charutito umas duas ou três vezes por ano, e sem inalar, isso talvez... Mas tem um isqueiro ofertado em Cuba pelo qual nutre um particular afecto. E levou-o para a expedição junto a um nutrido Cohíba e um Partagas mais magrito, em caso de festejo. Então nao é que levou dentro da bolsa, depois de despachar a bagagem? O raio-X da segurança não perdoou e a funcionária do aeroporto assinalou a falta. O argumento foi fraco da nossa parte. Mas o Panamá não é os Estados Unidos, existe compreensão. A solução foi voltar cá fora e despachar o isqueiro miniatura. Este foi colocado numa caixa de cartão onde cabiam mais 100 “irmãos”, depois num saco de plástico transparente com a identificação do distraído do dono. Ao voltar a inspecção, os funcionários divertidos, deixaram-no passar sem segundas intenções. O Escriba Perinú, que fuma que nem uma chaminé industrial do Ohio Valley, também levou o seu Zippo de estimação por engano. Teve mais sorte, deixaram-no passar. Só que sem pedra, não fosse o diabo tecê-las! E sabem qual o argumento que o rapaz usou para escapar? Que era um isqueiro velho, com mais de 20 anos… Imaginem a desculpa esfarrapada, como se um isqueiro de vinte anos já tivesse perdido a faísca…

O Zé Ferreira, Fotógrafo do Dia
No Ar e Em Terra…

Há dias dos fotógrafos e dias dos fotografados. Hoje, foi o Zé quem entrou de serviço, batendo chapas de tudo o que mexia e não mexia, na janela do avião, do táxi, de onde calhou. E teve muito para reportar, especialmente a roda partida do táxi que à chegada a Callao pouco durou dentro do trajecto na cidade portuária: a roda traseira do lado esquerdo saltou do eixo, ficou presa por arames – a condizer com o resto da viatura – e o seu condutor teve de chamar… dois táxis para nos levar e à bagagem até ao hotel… Coisa pouca e nem sequer tinhamos tido ainda qualquer percalço nesta passagem para Sul.

Ficámos em Miraflores, um município a uns escassos 8 kms de Lima, junto à imensidade do Pacífico, onde se situam quase todos os melhores hoteis da região, assim como os casinos e agências turísticas. Isto tem até a ver com questões de segurança dado que a capital é uma cidade de 9 milhões de habitantes, perigosa e algo insegura segundo os próprios peruanos nos avisaram à chegada. Aparentemente, em Lima, há táxis piratas para turistas incautos e malfeitores que seguem os forasteiros até que estes entrem numa área vulnerável.

Miraflores revelou-se-nos uma cidade extremamente limpa, ordenada, com um tráfago menos caótico que tudo o que é país já percorrido até agora, a sul do Rio Grande. Demos um grande passeio ao fim da tarde e até fizémos compras no supermercado. Uma aventura foi descobrir a variedade de azeitonas peruanas, verdadeiramente suculentas e enormes.

O local onde nos encontramos é muito sossegado a despeito da sua localização central. O ideal para permitir que nos desloquemos a pé, a melhor forma de tomar conhecimento de qualquer país.

Caímos cedo na cama e foi um descanso até ao dia seguinte.