UMA JORNADA FOTOGRÁFICA
AO LONGO DA COSTA DO PACÍFICO

Vasco Oswaldo Santos (Texto e fotos)
José Ilídio Ferreira (Fotos)
Adiaspora.com
António Perinú (Texto e Fotos)
Sol Português

Miraflores, Lima. Peru, 27 de Outubro – Neste sábado a equipa de Adiaspora.com/Sol Português/Voice decidiu dormir até mais tarde. O destino do dia foi de caminhar até à orla costeira do Oceano Pacífico, cinzento como o céu que sempre reflecte, mas com temperatura bem agradável. Mas não antes de um almoço retemperador no restaurante brasileiro Media Naranja, com uma feijoada de estalo, muito bem confeccionada e cuja farofa - que me perdoe a minha prima Dolores do Brasil, que no Rio, em 1996 dela me ensinou duas receitas – estava absolutamente divinal, sequinha como se quer e de granulado estaladiço.

O Parque Alfredo Salazar é o local preferido dos miraflorenses para passear e desfrutar a bela paisagem oceânica. Entalado entre o mar e um friso de edifícios que se podem considerar como a Forest Hill de Lima, o passeio ajardinado situa-se no topo de uma falésia com 600 metros de altura sobre a praia, virtualmente a pique, lembrando os Scarborough Bluffs mas de imponência ainda mais dramática. O parque alberga ainda um recinto murado, decorado a azulejo bizantino, com a famosa estátua O Beijo no seu centro. Os mosaicos contêm estrofes de famosos poemas de amor, a justificarem o nome atribuído de Parque dos Namorados. Logo a seguir, num cuidado relvado à beira da ravina, está o local vedado para a prática de voo parapente, de onde os arrojados pilotos se lançam, sós ou com um passageiro, em volteios pelo ar, como que graciosos e coloridos condores, sobre a praia, a autoestrada de Callao e o próprio parque.

Na extremidade norte, encontra-se um farol eregido pela Marinha do Peru, sobrevoado também por bandos de rolas que por estas paragens parecem deter a mesma importância que os pombos das nossas praças do hemisfério norte da terra.

Os edifícios de apartamentos de que acima falámos são realmente habitações super luxuosas, no rés-do-chão de uma delas instalado o escritório peruano da Air Canadá. Por detrás deles, são avenidas largas e calmas, de lindas vivendas com jardins cuidados, onde se encontra a Ambaixada do Canadá, em vias de se transferir para um edifício novo em local ainda mais nobre desta zona priveligiada de Lima.

Foi para lá que nos encaminharam os nossos passos. Estávamos tomando as vistas quando se ouviu gritar um guarda da varanda do edifício indicando que era proibido fotografar. Como assim, numa via pública? A nossa ambaixada não é uma instalação militar yankee, ou não estaria ali, não é verdade? Junto à guarita da guarda, a apresentação das nossas credenciais da profissão e da nacionalidade resolveram tudo no meio de sorrisos e cortezias, autorizados que fomos a fotografar o que entendessemos.

Escurecia. A caminho de casa, descobrimos que estávamos bem perto do centro de Miraflores. Ao passarmos pelo parque, ao lado do nosso preferido Café de La Paz, demos com o anfiteatro público completamente cheio. No centro da arena, um palhaço colombiano, artista ambulante, bem fino, talentoso e engraçado preparava-se para o seu espectáculo. Ali ficámos a fotografar, como meninos que descobrimos ainda sermos, divertidos com as peripécias que no círculo se iam desenrolando. Um bom final de tarde.

Depois, perdemos ainda algum tempo a visitar a feira dos artesãos onde se encontram artefactos peruanos, de muita qualidade, assim como antiguidades e estatuaria.

Mortinhos de cansaço, recolhemos a “vale de lençóis” para um sono reparador. Ainda nem as 21h00 haviam soado no sino da torre de Nuestra Señora de los Milagros...

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