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DO CANADÁ AO BRASIL POR TERRA - DIA 3

HERÓIS DO ÁLAMO E SANTO ANTÓNIO DE LISBOA
FORAM ANTECÂMERA DIGNA DA ENTRADA NO MÉXICO

Vasco Oswaldo Santos (Texto e fotos)
Adiaspora.com
António Perinú (Fotos)
Sol Português

San Luis de Potosi, Nuevo Léon, México, 7 de Outubro – Esclareça-se que a data e o local que antecedem estes apontamentos de viagem são alinhavados durante o dia correspondente mas escritos e editados na cidade em que se dorme. Depois de um pequeno-almoço para fazer olvidar um pouco a dormida da véspera, estes “quatro mosqueteiros” – como já começam a ser designados – aproveitaram a passagem pela bela cidade de San António, uma das mais históricas dos Estados Unidos, por uma façanha que se desenrolou em 1836, altura em que a República do Texas, ainda fora da União, fazia frente à vontade de anexação e domínio do General António de Sant’Anna, ditador do México. Antiga missão religiosa do colonialismo espanhol, a igreja e fortificação de El Alamo, tentava resistir a um exército comandado pelo próprio Sant’Anna. O coronel Travis, um patriota e aristocrata sulista, recebeu reluctantemente a ajuda de um punhado de valentes a que se juntaram, o famoso David Crockett – então senador do Tennessee – e o aventureiro Jim Bowie (criador do célebre facalhão que ainda hoje arvora o seu nome). Nessa altura, Sam Huston, era general dos jovens Estados Unidos e escontrava-se mais a sul, comandando uma força militar inferior a um regimento. Mas prometeu ajuda aos defensores do Álamo. Mas era uma ajuda que sabia não poder prestar. A “bem da nação”, deixou apenas a esperança na mente dos 136 homens que fizeram frente, durante 13 dias, aos mais de 33.000 regulares mexicanos. Pereceram todos menos um jovem que tinha ido apelar ao auxílio de Houston.
O sacrifício destes patriotas é mais importante do que aqui se deixa como “aperitivo” ao que mais tarde se contará sobre isto.

El Álamo -  Aqui se combateu até ao fim....

Feitas as visitas rápidas, a segunda parte desta nossa passagem em San Antonio foi uma romagem rápida à estátua – desconhecida por quase toda a gente – em bronze de Santo António de Lisboa, o nosso Fernão de Bulhões, nascido ao lado da Sé de Lisboa, um dos primeiros doutores da Igreja Católica Apostólica Romana, que viveu e pregou em Pádua (Itália), até aos peixes, ao ponto dos italianos o reivindicarem como santo seu. Mas todo o “alfacinha”, mesmo o mais agnóstico, sabe que isso é falso. O popular frade é nosso e como prova, lá está a dar o nome à cidade texana, em estátua de mestre Leopoldo de Almeida, fundida em 1950 e oferecida pela edilidade de Lisboa aos texanos. Não há notícia de remendar nestas paragens bilhas partidas. Mas em Lisboa, continua a atender os pedidos a despeito de tais acidentes terem já passado de moda e o Santo casar toda a gente.

Carvalho centenário no pátio da Missão de El Álamo

Apressados, rumámos a Laredo, na fronteira com o México, e em frente a Nuevo Laredo.
Para que os nossos leitores possam ter uma ideia, saímos às 8h30 de Waco, passámos em Austin, a capital do estado, pelas 09h10. Em Buda, Texas, completámos 24 horas sobre a saída de Toronto e pelas 11h00 entrávamos em San António. Eram as 12h30 e já conduzíamos em direcção a Laredo, onde chagámos pelas 15. Curiosamente, ao atravessarmos aquele esporão do Texas que entra pelo México dentro, com Laredo na ponta, observámos uma paisagem deserta e plana onde a única nota curiosa foi uma tabuleta à beira da estrada onde se lia: “Não dêem boleia a penduras. Zona prisional”. Não démos. Mas também não houve ninguém que nos pedisse tal coisa.

A nossa equipa frente ao complexo que alberga a igreja e a prisão

Pelas 15h30, passávamos a fronteira sem qualquer paragem na parte americana. Do lado mexicano foi-nos pedido o pagamento de 6 dólares pelos quatro. Não vimos oficial mexicano, ninguém nos perguntou nada e até podíamos ter lá entrado sem documentos. Mas a avaliar pela longa fila de carros e camiões, para entrada nos EUA, o procedimento não é em nada igual ao que (não) tiveram connosco.

El Álamo - Baluarte Defensivo

A primeira impressão com as auto-estradas mexicanas foram marcadas pela presença de militares das forças armadas mexicanas armadas até aos dentes e de capacete de aço (ainda não foram contemplados com os de kevlar...), apoiados por um carro blindado de longo canhão. Ainda não compreendemos o porquê. Mas eles estão em todas as portagens das auto-estradas pelas quais temos vindo a passar.

México - Carro blindado numa fronteira civil

Até ao anoitecer, foi um desfilar de zonas desérticas e planas, primeiro, onde abundavam vegetação rasteira, cactos e dragoeiros. Depois começaram as montanhas vulcânicas imponentes, muito cones isolados, e uma passagem horrífica por Saltillo, uma cidade que mais se assemelha a um estaleiro de obras, e que nós relembrámos como o local onde no Campeonato do Mundo de Futebol de 1990 a selecção portuguesa se cobriu de vergonha quer pelos resultados obtidos como pela sua postura indisciplinada.
Depois de anoitecer foi aproveitar as estradas pouco movimentadas e conduzir até San Luis Potosi onde pernoitámos em melhores condições que na véspera.

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Percurso percorrido: 1.200 kms em 15h30 minutos.
Nestas contas estão devidamente descontados os períodos de visitas e refeições

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