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DO CANADÁ AO BRASIL POR TERRA - DIA 31

PASSEIO POR LARGOMAR EM CONJUNTO,
TOURADA PARA UNS, MUSEU PARA OUTRO


Vasco Oswaldo Santos (Texto e fotos)
José Ilídio Ferreira (Fotos)
Adiaspora.com
António Perinú (Texto e Fotos)
Sol Português


Miraflores, Lima, Peru, 4 de Novembro – Uma manhã relaxante que para dores de cabeça vem a segunda-feira, e por aí adiante…
Os expedicionários foram à procura de pequenos acessórios de computação- como USBs de memória e um leitor de memória fotográfica. Existe em Miraflores um Rádio Shack, num centro comercial de excepção, o Largomar, escavado na falésia sobranceira ao Pacífico – que até se apresentou azul, aos nossos olhos, arredado por um dia do cinzentão dominante e deprimente para gente de sol como nós. Encimado por um belíssimo jardim, cujo cenário é o de um hotel da cadeia Marrito, ultramoderno, em forma de laminados de vidro. Virado para o mar, e para os voos rasantes dos parapentes, está disposto em três níveis de terraços com cafés e restaurantes, e as lojas em semi-círculo, seguindo a geografia do terreno.

Imensidão azul

O belíssimo centro comercial Largo-Mar - Miraflores

Depois de uma passagem pelo cyber, para baixar as fotos das máquinas, o grupo dividiu-se: Víctor Mendes toureava em Acho e este escriba ansiava por visitar o Museo de la Nación, no bairro San Borja. O Museo del Oro havia-o deixado seduzido, queria ver o que seria a galeria nacional de arte do Peru. O mesmo táxi dos aficionados deixou-o à porta do museu, e todos foram à sua vida e interesses, que domingo é para relaxar.

Parapente desafiador - Oceano Pacífico - Finalmente azul....

Vítor Mendes “Coqueluche”
Da Afición de Lima


O festival taurino, a que já nos referimos em dias anteriores, com a presença do matador de toiros português, Víctor Mendes, levou-nos mais uma vez a Acho. O cartel de domingo, dia 4, incluiu os diestros Víctor Mendes, Vicente Barrera, David Gil, Eduardo Gallo, David Galán (espanhóis), Fernando Roca Rey e Andrés Roca Rey (El Andí), peruanos, sendo este último bezerrista.

Caçadores de autógrafos - Víctor Mendes com António Perinú e Luís Sousa

Aprendendo a beber à espanhola - Bezerrista Andrés Roca Rey (10 anos)

Foram lidados e estoqueados 6 novilhos da Ganadaria de Salagual e um bezerro com ferro da ganadaria de Apostol Santiago.
Após o passeio, ou seja, as cortesias, em lugar de ser o matador mais antigo a abrir praça, coube a honra ao bezerrista Andrés Roca Rey, apelidado de El Andí, de dez anos de idade, que fez a sua apresentação nesta praça de históricas tradições.

Manifestantes expulsos da Praça - Manifestação anti-touradas

Andrés Roca Rey bandarilhando - Derechazo

Andrés desenhou boas verónicas e rematou com meia, assim como, navarras. No tércio de bandarilhas não esteve feliz mas com a muleta sacou bons muletazos com a mão direita e foi agarrado duas vezes. Mas destemido, mostrando garra e valentia. Com o estoque mata à segunda tentativa e dá volta ao ruedo, muito aplaudido.
O nosso conterrâneo Víctor Mendes iniciou a sua lide de capote com boas verónicas, rematadas com meia. Fez um excelente quite de chicuelitas até levar o novilho ao picador. Muito ovacionado, com as bandarilhas, o diestro lusitano convidou Fernando Roca Rey para participar no tércio de bandarilhas com a flanela, ou seja, a muleta, Víctor Mendes começou com passes por baixo e logo saca derechazos mandões e templados, assim como naturais, a fechar o círculo, muito ligados. Toureou com música. Seguiram-se molinetes, afarolados, rematados com passes de peito. Entra a matar pinchazo e estocada. No final, deu a volta ao redondel e foi aos médios debaixo de forte ovação.

Bebendo o néctar do triunfo - Passe de Peito

Eis a nossa análise sobre a exibição dos outros toureiros:
Vicente Barrera – Coube-lhe, em sorte, um novilho parado. No final deu volta à arena.
David Gil – O novilho do seu lote era de investida incerta. No final, demora a matar.
Eduardo Gallo – Também lhe calhou um novilho difícil que só queria a querença das tábuas. No final, estocada, pinchazo e estocada.

Lanceando à verónica - O arrasto

David Galán – Filho do matador António José Galán, que desfruta de fama por estas paragens, David recebeu a rês com duas largas afaroladas de joelhos. Com a muleta mostra-se toureiro tremedista, desplantes e mais desplantes, toureio de circo… mas conquistou o público! Entra matar com um chapéu, em lugar da muleta, corta uma orelha e deu volta ao redondel, muito aplaudido.

O arrasto - Um par de bandarilhas do português

Polícia e manifestantes anti-touradas - Víctor Mendes com José Ferreira e Luís Sousa

Fernando Roca Rey – Encerrou o festival que terminou já noite. O diestro peruano, no tércio de bandarilhas, convidou o matador português. Depois, com a muleta, em boas séries – quer pela direita, quer pela esquerda – mata de estocada até ao punho e corta duas orelhas.

David Galán cortou orelha

Víctor Mendes num soberbo derechazo - Vítor Mendes toureando de capote

 

Entre o Ouro e a Antropologia


Sejamos directos: uma coisa é a fabulosa técnica dos ourives incas, que nos deixaram um legado tão importante como os do Antigo Egipto. Outra é a história fascinante destes povos, da era pré-colombiana até ao tempo dos conquistadores. É tentador misturar ambas. Mas seria um ultraje a cada uma delas. Esta a conclusão a que o humilde escriba chegou no fim da sua visita aos dois grandes museus de Lima: o do Ouro (privado) e o de la Nación (público).

Em Dia de Todos os Santos, havia o escriba rematado o dia com uma visita ao primeiro destes museus. Privado, como já se disse e repetiu, foi fundado por Miguel Mujica Gallo, incorporando junto aos tesouros dos povos peruanos uma extraordinária colecção de armas, uniformes e fardamentos de figuras históricas deste sub-continente. Na sua obra “Oro del Peru” descreve apropriadamente o seu trabalho sobre a arte aurífera pré-hispânica do Peru. Deixa-nos por ela saber que mercê das escavações efectuadas ao Norte do Peru, notáveis arqueólogos e etnólogos têm vindo a comprovar ter sido, a partir dos séculos VIII a V antes da era Cristã (AC), que já trabalhavam o ouro os artífices da cultura Chapín e que, vários séculos mais tarde, a arte metalúrgica Chimú se estendeu primeiramente ao território da actual República do Equador para logo se dilatar pelo Norte, até à Guatemala e México dos nossos dias; pois neste grande país, Lothrop encontrou nas suas pesquisas discos do estilo Chimú médio e, em Zapacuala, uma coroa de ouro de seis discos, do mesmo metal, correspondentes ao último período da referida cultura.

Caral - Primeira cidade da América - Conjunto de ânforas incas

Tem ainda singular importância o facto de que em colares, vasos e outras peças da cultura peruana os aborígenes também usaram pérolas, esmeraldas, topázios e ametistas – evidentemente extraídas em zonas do Norte da América do Sul, o que demonstra a expansão artística das civilizações peruanas.
Os artefactos de joalharia que aparecem a partir de Chapín revelam uma técnica apurada na manipulação e no trabalhado dos metais, particularmente o ouro e a prata, apesar da primitiva simplicidade dos instrumentos de que dispunham. Assim, com ferramentas rudimentares, repuxavam, laminavam e soldavam, combinando o ouro com a prata de diferentes tonalidades, numa mesma peça. Para o repuxar do metal, quente ou frio, empregavam moldes e matérias talhadas em pedra; e para a fundição moldes de pedra ou argila, em duas partes.

Museu da Nação - Maqueta - 1

Este processo de “cera fundida”, utilizado no Oriente, mas desconhecido na Europa até à era do Renascimento, foi largamente utilizado pelos antigos peruanos. Consistia o processo na reprodução de um objecto em resina ou cera que imediatamente se cobria com cerâmica e era levado ao fogo. Ao aquecer, a cera derretia-se, saindo por um orifício, deixando um molde dentro do qual se vertia o ouro derretido. Quando este esfriava, partia-se a cerâmica ficando a descoberto a peça fundida. Esta, depois, era submetida ao polimento e burilado finais.

O lama sempre em evidência - Plano de Ollantaytambo

Também se empregava frequentemente o sistema conhecido nos trabalhos de metalurgia, com o nome de “posta de cor”. Depois de criada, a peça era decorada com o uso de outro metal com menor grau de fundição, ou adequadamente aquecida para que se pudessem limar as superfícies da soldadura dos extremos - Esfólicas, lanças, ceptros, etc., eram recobertos com lâminas de ouro, unidas nas extremidades por grampos de oiro ou cobre. O dourado produzia-se de várias maneiras: submergindo a peça de ouro na superfície, ou então com o sistema “mise en couleur” que foi amplamente empregado. Consistia ele em juntar ao cobre ou à prata, partículas de ouro, logo atacando a mistura com um ácido destinando a dissolver os metais “moles” e deixar as moléculas do ouro espalharem-se pela superfície do objecto. Os antigos peruanos utilizavam para este fim, como ácido, algumas ervas, entre elas a oxalis. Para dourar o cobre usavam ainda o seguinte método: preparavam uma mistura de ouro e cobre (constituindo este último metal apenas um quinta parte da mistura) fundindo-a a uma temperatura de 200 graus centígrados abaixo do “ponto” de fundição do cobre puro; o objecto de cobre ficava em contacto com a mistura cobre-ouro fundida, o entrosamento humedecia a superfície do objecto, dourando-o. Só que o dourado obtido com este sistema era demasiado tosco e requeria polimento.

Painel lateral esquerdo - Povoação em socalcos

O sistema de trabalhar o mais nobre dos metais era variado. O repuxado era trabalhado com o metal a quente ou a frio; em muitos casos eram utilizadas matrizes ou moldes talhados em pedra, tanto para o alto como para o baixo-relevo.

Frequentemente se produziram trabalhos de filigrana, minuciosamente pincelados com pequenos grânulos – ou mini-pepitas – soldando-lhes ganchinhos onde se incrustavam pedras semi – preciosas e conchas de diferentes cores.

Quase todo o ouro peruano é argentífero (aliado à prata). No norte do Peru, o ouro de Vicus, Hualapas, Tembladera, Frías e Chongoyape é para cima de 20 quilates; em Paracas, Nazca, Ica e Chuachi, não chega aos 16k. Em Cuzco e Walla Walla, vai de 12 a 16k.

Prato com cabeça de alpaca - Vaso cilíndrico com duas pegas

Num alarde de refinamento empregaram-se os metais combinados: ouro com prata ou platina, soldados com uma técnica apurada e ouro de diferentes tonalidades numa só peça, demonstrando o alto Grau de perfeição a que chegaram os ourives destas regiões.

Vaso com figura humana - Representação Inca do Sol

Como já se disse, as ferramentas utilizadas para trabalhar o ouro eram rudimentares: pedras chatas (como tabuleiros) e outras alongadas (martelos). Usavam-se facas e cinzéis de cobre, assim como polidores de pedras duras em todas as suas formas. Valendo-se destes instrumentos primitivos e de uma destreza manual altamente desenvolvida, os pré-hispânicos lograram produzir adornos e utensílios complexos.

Vaso do deus-tubarão

Vaso com lobos marinhos e enguias

Tendo em consideração ajudar o visitante ao Museo del Oro a melhor poder apreciar, descrevem-se agora as peças pré-hispânicas por estilos, sempre de Norte para Sul, começando pelas mais recentes (Cuzco), especificando a antiguidade aproximada, a cultura provável, zona geográfica, forma de trabalhar, características, quilatagem e as peças principias:

  • Estilo Chavín (Chavín de Huantar)
  • Estilo Frías
  • Estilo Vicus
  • Estilo Batan-Grande
  • Estilo Chan Chan
  • Estilo Chancay
  • Estilo Paracas
  • Estilo Nazca
  • Estilo Tiahuanaco
  • Estilo Cuzco

Em suma, trata-se de uma colecção variadíssima e de grande riqueza, que inclui têxteis da época, adereços, faianças e quatro múmias de cadáveres na posição ritual: agachados, de cócoras. Nalguns dos corpos vêem-se intactos os tendões das pernas e as unhas de pés e mãos, assim como as cabeleiras, mesmo as cobertas com coroas de penas de pássaro coloridas.

Uma das secções da colecção incorpora pontas de flechas, em sílex, do paleolítico e uma grande variedade de belíssimas conchas originárias do Golfo de Guayaquil, actual Equador, de cor de coral avermelhado. Tudo encontrado nas escavações arqueológicas. Em suma, uma maravilhosa mostra da ourivesaria inca.

Isto é apenas uma resenha do que o escriba viu no dia 1 de Novembro. Hoje, depois, de uma pesquisa mais aprofundada, foi a vez de comentar o que viu no Museo de la Nación.

Como Pode Um Acervo Tão Importante
Merecer Tal Desprezo?

Na sua obra “Culturas Pré-Hispânicas do Peru – Guia de Arqueologia Peruana”, Justo Cáceres Macedo ajuda o interessado na visita ao Museo de la Nación, a galeria de arte mais importante do Peru. Pela “módica” quantia de US$40.00, custo do livro, visto que o museu não dispõe de um simples folheto ou catálogo que seja. As instalações são, contudo, soberbas, modernas, iluminadas – quando viradas para o exterior – mas muito deficientes em termos de claridade interior, sem sequer se poder utilizar a desculpa do “factor luz” dos relâmpagos fotográficos sobre as obras de arte expostas. Isto porque, muitas delas, as maiores, são apenas reproduções. Os originais ficaram, e muito bem, nos locais onde foram encontrados e pertencem de direito e de facto.

A falta de sinalização é mais um problema a juntar a outros mais:

  • Falta de informação por parte das simpáticas mas completamente alheadas funcionárias sobre o conteúdo ou localização das galerias;
  • Uma loja de vendas paupérrima, com artefactos e brinquedos ordinários “Made in China”, muitos furos abaixo da mais modesta lojeca de artesanato da cidade;
  • Uma excelente livraria que, não obstante a qualidade e seriedade das obras dispostas, não está preparada para aceitar qualquer cartão de crédito, sendo os clientes enviados para a ATM no átrio do Museu.
  • Ascensores (4) que nos levam a todos os andares mas em cujas saídas não figuram quaisquer letreiros indicativos, excepto que as pontes de acesso sobre o grandioso átrio central, ou estão fechadas ao público ou apenas para o pessoal autorizado do museu;
  • Casas de banho moderníssimas, todas elas funcionando electronicamente, mas sem sabão, papel higiénico, ou secadores de ar que funcionem...

Felizmente que o acervo é fabuloso em termos antropológicos. Na realidade, para além de uma pequena secção de peças em ouro – em número ofuscado pela variedade e quantidade do Museo del Oro – e de artefactos cerâmicos de muita qualidade e valor, este estabelecimento cultural deveria realmente chamar-se Museu Antropológico e Arqueológico de Lima, já que o grande museu do Peru... é o resto do país em si, de Nazca ao Macchu Picchu!

Algumas das salas, que não se encontravam vazias e/ou às escuras, entrámos, por acaso, em duas que continham, a primeira, um fascinante conjunto de fotografias documentais do ritual funerário moderno de uma criança; a segunda com uma exposição colectiva, um pouco desequilibrada, mas satisfatória, aqui e ali, valorizada por meia dúzia de obras-primas.

A forma mais típica da cerâmica inca consiste no cântaro mais conhecido por ânfora, pela semelhança e o princípio de colocação do recipiente grego onde se guardavam perfumes. Esta vacila caracteriza-se pelo seu desenho funcional; a sua base cónica dá-lhe estabilidade ao ser colocado em buracos cavados na terra, as asas e o adorno na base do bojo têm como finalidade facilitar o transporte.

Ânfora finamente decorada e polida - Cabeça de lama

A cerâmica inca caracteriza-se pela sua produção em série, com o emprego de moldes que facilitavam o seu fabrico. Os recipientes estão ordenados em bandas horizontais ou verticais, combinando diferentes tonalidades de castanho e sépia. O estilo Inca Imperial, caracterizado pela qualidade do polimento, a simplicidade das suas formas e a sobriedade da sua decoração, influenciou a cerâmica das diversas povoações conquistadas, surgindo o estilo denominado Inca Provincial.

Ollantaytambo

Localizado a 60 km da cidade de Cuzco, nos Andes, trata-se de um dos complexos arquitectónicos monumentais mais impressionantes do Império. Foi utilizado como TAMBO (ligar de alojamento na rede dos caminhos da época) e encontra-se estrategicamente colocado para dominar o vale sagrado dos Incas.

Foi o lugar eleito para a resistência aborígene de Manco Inca, em 1537. Este militar, após haver posto cerco a Cuzco, durante meses, ao ver que as suas próprias forças enfraqueciam, retirou-se para Ollantaytambo. A cidade oferecia-lhe uma defesa perfeita, que lhe permitiu vencer o exército dos conquistadores espanhóis, antes do monarca inca se retirar para a cidade de Vilcabamba, último bastião dos incas.

Baixo-relevo com imagens marinhas - Baixo-relevo

As pinturas murais localizadas na plataforma superior da povoação de Huaca la Luna, no Vale de Moche, pertencem ao período entre 800 e 1220 anos DC. São reveladores dos intensos contactos entre culturas e mercadores da costa e das terras altas, contendo uma sequência de pinturas murais, trabalhadas sobre paredes de barro seco ao sol, estucadas com uma fina camada de argamassa (estuque) muito rica em argila. O primeiro mural representa a influência cultural das terras altas do sul, com um desenvolvimento iconográfico gradual do “Deus do Bastão” de Tiwanaku e Wari. A secção da esquerda fica super imposta e o motivo principal consiste numa representação de caranguejos antropomórficos (em figura de humanos) e uma série de elementos que representam polvos e cabeças de pássaros.

Painel central - Painel lateral direito

Estes desenhos foram executados com uma marreta sobre estuque molhado, colocado; quando secou foi pintado com a utilização pigmentos inorgânicos.

Maqueta - 2 - Os estranhos rituais funerários dos Wari

Um dos aspectos mais salientes da cultura Wari é o dos enterros – não só de cadáveres humanos mas ainda de oferendas de cerâmica, metais, têxteis, animais e plantas, entre outros objectos. Os túmulos Wari eram elaborados dentro da tradição da Costa Sul: escavados no terreno, em forma longitudinal, rodeados de muros de adobe ou pedra e pranchas de troncos de huarango, uma árvore local. O corpo, dentro de um fardo funerário, era embrulhado em panos decorados e com oferendas de vários tipos. Nalguns casos, descobriram-se tumbas colectivas, contendo vários fardos.

O estandarte do Museo de La Nación - Cadáver embrulhado para ser sepultado

Os depósitos de oferendas aparentavam características rituais, especialmente no que diz respeito às suas dimensões e qualidade das vasilhas – para além de propositadamente quebradas e colocadas em camadas consideráveis, dentro das cavidades escavadas no terreno. No sector de Cheqowasi, na cidade de Wan, encontraram-se grandes cubículos de pedra lavrada que, nalguns casos, se sobrepõem sobre três túmulos.

Quando os espanhóis chegaram à região andina em 1532 encontraram em plena vigência o Estado Inca, o qual, sob o mando de um só governante, abarcava um território que ia do sul da Colômbia até ao centro do Chile, do Noroeste Argentino à Bolívia. A organização política e económica, assim como a arte e a tecnologia do estado inca impressionaram os conquistadores europeus. No entanto, desconheciam que se tratava apenas de um desenvolvimento mais tardio de toda uma vasta série de civilizações que habitavam a costa, serra e parte da Amazónia. Este desconhecimento perdurou até à segunda metade do século XIX, altura em que os primeiros arqueólogos começaram a descobrir a enorme e complexa história das civilizações precedentes da Inca.

Foi uma visita altamente recomendável a despeito das dificuldades de orientação que se apresentam. Mas até pode ser que as obras em curso resolvam alguns dos problemas.

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