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ÚLTIMA HORA

DO CANADÁ AO BRASIL POR TERRA – 12 DE OUTUBRO
DE COMO A EXPEDIÇÃO AO BRASIL
ESTEVE PARA NÃO SER MAIS...


Vasco Oswaldo Santos (Texto e fotos)
Adiaspora.com
António Perinú (Texto e fotos)
Sol Português


A umas escassas 2 horas a norte de San José, Costa Rica, 11 de Outubro
– Há quatro dias que a chuva não parava de caír. Tínhamos enchido o depósito do carro e os nossos estômagos, brindados com algumas sanduíches e sumos. Iniciámos a tirada para a fronteira com o Panamá quando a chuva se tornou ininterruptamente torrencial. De súbito, a viatura, no meio de uma escuridão apenas alumiada pela constante fila de camiões e carros a alta velocidade numa estrada sem bermas, guina para a direita e afocinha numa vala. O Zé informa que o “motor lhe morreu nas mãos”. A direcção assistida encravou, guinando e forçando o SUV a cair na vala. À frente, ao lado do Zé, aventei que saíssemos primeiro os do lado direito, caso susgisse um desequilíbrio que o virasse totalmente. Assim se fez, comigo e com o Perinú atolando-nos na vala, com água e detritos negros de poluíção até meio das pernas. O Luis saíu a seguir e o Zé no fim. O carro aguentou. Cegos pela chuvada e pelos faróis do tráfego a grande velocidade, junto a um cruzamento sem semáforos, sem a protecção de uma berma que fosse, solicitámos a ajuda de uma providencial oficina automóvel e de pneumáticos logo em frente. A ajuda foi rapidamente prestada decidindo-se tentar retirar o carro, com a ajuda de um cabo, dado que estava atolado e o motor não pegava. Mas o tempo decorrido pareceu-nos uma eternidade. Chamou-se um reboque que nunca chegou. Entretanto, o motorista de camião atrelado que passava perguntou-nos se necessitávamos de ajuda. Providencialmente, um cidadão local arriscou-se a dirigir o tráfego, mandando afastar quem vinha na mesma direcção que nós – uma atitude “heróica” dadas as condições de velocidade e da chuva...

Carro afocinhado na vala

Em contrapartida, passados uns sólidos 20 minutos, apareceu um motociclista da Polícia que nem indagou se havia feridos. De imediato se preocupou apenas que empurrássemos o carro para uma rua lateral por interrompermos o tráfego. Ora o carro não pegava, a berma não existia, a direcção não funcionava e o risco de voltar a caír na vala era altíssimo. Milagrosamente, o carro pegou! E assim se fez até a à chegada de um outro pronto-socorro chamado em substituição do que “vinha a caminho” e nunca apareceu.
A manobra seguinte, mesmo com motor a funcionar, foi arriscadíssima pois fomos forçados a uma inversão de marcha em situação imprevisível e de alto risco só ultrapassada pelo nosso constante atravessar a rua, do carro para a oficina e vice versa, ignorando se chegaríamos incólumes ao outro lado.

Primeiro exame apesar da escuridão

Por fim, a decisão mais acertada foi posta em prática: colocar o carro em cima do reboque, rumar a San José, a capital, a uma distância de 2 horas, ficar num hotel e, por medida de segurança ir à oficina da Mercedes para revisar a anomalia.
Ainda no local fomos aconselhados por toda a gente a não seguir viagem no carro pois que a perigosidade da estrada, e a possibilidade de sermos assaltados, se voltássemos a parar, era de alta percentagem. Informação que veio apenas avolumar tudo o que nos haviam prevenido antes da partida.

Em cima do reboque ''flatbed''

Estamos conscientes dos perigos que ainda nos faltam enfrentar uma vez que vários exemplos e situações duvidosas se nos depararam frequentemente. Este incidente, que poderia ter facilmente posto término à nossa expedição, serviu para nos focarmos sobre a fragilidade da vida e da morte. Na realidade, desde a saída de Minatitlán, testemunhámos dois terríveis acidentes com camionistas e, pior que tudo, pela imponderabilidade dos elementos da natureza, se nos depararam buracos enormes no asfalto, um dos quais uma autêntica cratera que julgamos ter estado na base do problema eléctrico que dias depois haveria de causar o nosso acidente. Disse o pessoal da Mercedes que inúmeros veículos do tipo do nosso, sofreram as mesmas anomalias.
Piores exemplos aqui ficam ilustrados pelas fotos. Para o escriba foi o do asfalto que ruiu sobre uma ponte, quase que indetectável até ser demasiado tarde. Um fosso que nos teria engolido de uma só vez.
Ao longo de mais de 7.000 Km percorridos, estamos conscientes que os 10.000 que ainda nos faltam, particularmente no deserto do Chile, terão de ser friamente enfrentados com respeito e ponderação, sem quaisquer laivos de machismo gratuito.

Garantindo a fixação do carro

Assim, fomos obrigados a um grave atraso, pois que só dentro de 8 dias voltaremos a ter barco que leve o carro de Colón, Panamá, até Guayaquil, Equador. Chegaremos provavelmente com algum atraso ao nosso destino final. Mas o importante é chegar mesmo, vivos e de boa saúde. De qualquer forma, nunca encarámos esta expedição como uma tarefa fácil ou um passeio turístico inflaccionado.

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