Muitos de nós, mais precisamente os que não são oriundos da Região Autónoma dos Açores onde o culto em louvor à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade é uma tradição que perdura desde os primeiros povoadores, isto no século XV, não têm sequer uma pequena ideia da complexidade dos preparativos das festividades que são realizadas anualmente pelas Irmandades muitas das quais com muitos meses de avanço. Por essa razão quando lemos nos jornais, vimos nos programas televisionados ou escutamos na rádio essas reportagens festivas não são só condicionadas à realização de almoços e as suas sopas ou do beijar da Coroa, Ceptro e Bandeira mas que, nos bastidores há uma soma elevada de horas de trabalho voluntário que envolve dezenas de crentes que, nessas Irmandades, que são afiliados, que labutam para que as mesmas tenham o explendor e a pujança aquele Espírito Santo merece perante a fé inabalável nas Sagradas Escrituras.
A folia do Espírito Santo
Assim, como era nossa intenção já anteriormente manifestada, este ano fomos convidados pelos Mordomos da Irmandade do Divino Espírito Santo da Casa dos Açores do Ontário, o casal Cidália e Luís de Sousa, de os acompanhar durante o sábado passado (dia 6) numa digressão por diversas herdades rurais na zona de Orangville e Dundalk, todas propriedades de portugueses, numa “romaria” com a finalidade de angariação de donativos e para a aquisição de bezerros a serem criados e vendidos meses à frente. Chamamos de “romaria” que significa, entre muitos sinónimos, um acto de peregrinação, embora, confessamos, não ser esta expressão a mais apropriada para identificar a realização deste evento da Irmandade do Divino Espírito Santo da Casa dos Açores do Ontário pois era também constituída pelos foliões e cantadores Luís de Sousa e Hildeberto Ferreira, pelos músicos José Pereira (viola) e Luís Machado (violino), pelo porta-estandarte Artur Pimentel e Manuel Cabral (resposta).
Cantando loas ao Divino
A reunião para a partida foi marcada para as 7 horas da manhã e vários carros, completamente lotados de membros da Irmandade acima referida, saíram em direcção à Hurontario, em Mississauga, via essa, também conhecida por Highway 7, que nos levaria a Brampton, Orangville, Caledon e Dundalk onde se situam as propriedades dos portugueses e que indicamos seguidamente: Manuel Tavares, Família Ferreira, Artur Amaral, Paulo João Bernardo, Mário Jorge Botelho, Norberto Farias e José e Maria Gonçalo. No meio do caminho parámos naquela estrada, no escritório da firma Capelas Construction, encerrado por ser sábado e que como é sabido é propriedade do presidente da CAO, Carlos Botelho, que naquele preciso momento manejava um tractor para remover a neve que obstruía a entrada e o parque de estacionamento de viaturas. Após uma paragem neste local e uma rápida visita às instalações com um refresco oferecido a todos os membros desta caravana, seguiu-se viagem para o norte incluindo mais uma viatura, a do Carlos Botelho, que quis também fazer parte desta excurssão.
Ali, nas casas de todas estas herdades cantou-se em Louvor ao Divino e em agradecimento e à hospitalidade e à maneira gentil como fomos recebidos por todos os nossos compatriotas e respectivas famílias cujos nomes já acima registados. Foram também, naquele dia, oferecidos dois bezerros à Irmandade pelos casais João e Maria Ferreira e Benjamin e Vidália Cardoso. Outros benfeitores igualmente apresentaram donativos para aquela Irmandade e que a seguir identificamos pois são também estes elementos que com as suas quotas-partes mantêm vivas estas tradições de fé por estas terras distantes. São eles: Orlando Moniz, Rui Ferreira, José Ferreira, Manuel Banta, Augusto Rocha, Manuel Faria, Tony Faria, Joe Faria, Lina Pacheco, (Andy) Aniceto Gomes, Emanuel Soares, Venício Rodrigues, Manuel Luís Carvalho, Carlos Henrique Carvalho, Lucília Ferreira, Michael Ferreira, Ernesto Viveiros, Carlos Botelho, Miguel Correia, Manuel Cabral, Artur Pimentel, José Faria e família, Aires Viveiros, Luís e Titiana Sousa, Lucy Sousa, Tony Arruda, Joe Tavares, Leonilde Medeiros, João Cabral, David Correia, José Maria Manica, Veríssimo Nunes, Adriana Raposo Pereira e finalmente Octávio e Sandy e família Viveiros.
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Momento das cantorias
Foram muitas horas de deslocação de herdade em herdade, de cantar e de merendar também. Todo este sacrifício na escolha de bezerros pois estava um frio terrível, de rachar como é uso ouvir dizer, com toda aquela neve acumulada que nos fazia andar como se trôpegos estivéssemos e o “tio” João Ferreira não se estatelou porque se agarrou a uma vedação de madeira dum curral além das mãos amigas dos que, naquele preciso momento, o acompanhavam.
Aplaudindo os foliões
Foi esgotante mas pensamos que valeu a pena esta digressão pelas casas desses nossos conterrâneos pois ficámos encantados pela maneira como em todas fomos recebidos, tal como se fossemos irmãos biológicos ou conhecidos de longa data. Podemos, neste momento, visualizar a grandeza do sacrifício tanto dos elementos que compõem estas Irmandades como dos seus benfeitores que economicamente também têm o seu quinhão na manutenção e disseminação desta fé tão peculiar do povo açoriano.
O gado numa das Herdades
Queremos desde já deixar os nossos agradecimentos ao casal Mordomo da Irmandade do Divino Espírito Santo da Casa dos Açores, Luís e Cidália de Sousa, pelo convite formulado e também a todos aqueles nossos “irmãos” que faziam parte da caravana que se deslocou lá bem para o norte onde a neve e o frio não acaba mais, não esquecendo, obviamente, os proprietários dessas herdades e suas famílias que nos acolheram. Bem hajam.
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