Sábado, dia 28 de Fevereiro findo, o popular clube, Sport Club Lusitânia de Toronto, realizou uma noite de festa, com petiscos à mistura e houve lugar à apresentação de um artista da nossa comunidade até então totalmente desconhecido para nós mas que se revelou um cantor possuidor de excelente voz e com um óptimo reportório para animar este tipo de festas principalmente para aqueles que se mantêm românticos não importando a idade. O seu nome é, Herman Vargas, e é natural da Ilha de São Miguel e, pelo que vimos naquele festim, agradou e animou e o seu estilo e voz, agradaram a todos quantos ali estiveram presentes. Depois, no intervalo do baile, que foi abrilhantado pela música distribuída por Sounds Good Productions do conhecido DJ e técnico de som e luzes, Raul Ferreira, aconteceu o comes e bebes que, como sempre e graças aos “milagres” dum fantástico grupo de cozinheiras que nos bastidores da cozinha souberam preparar as apetitosas iguarias que se consumiram. No entanto nem tudo era alegria nos rostos dos muitos directores presentes naquela noite de festa e era notória alguma apreensão pelo futuro daquele tão popular clube da nossa comunidade, que se reflectia dissimuladamente em seus rostos.
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O talentoso artista Herman Vargas
A razão para aquele estado de espírito é que já houve três Assembleias Gerais, recentemente e, a ultima delas, no dia anterior, sexta-feira 27, não conseguiu eleger os quadros directivos que darão continuidade à Lusitanidade dos adeptos e simpatizantes desta agremiação, sucursal da Casa Mãe, sedeada em Angra do Heroísmo e um dos mais antigos clubes do Arquipélago dos Açores, que foi formado por um pequeno grupo de emigrantes, que eram sócios e admiradores daquela conhecida agremiação terceirense, que aqui em Toronto, nos alvores dos anos setenta, deu continuidade aos sonhos de ter no seio da comunidade lusa, uma filial daquele glorioso da Ilha Terceira de Jesus Cristo. Tudo correu bem, embora com alguns altos e baixos, durante mais de 30 anos de actividade mas, certa turbulência vem aos poucos e poucos afectando o bom andamento da sua vida associativa. Não é, segundo nos foi referido, derivado a problemas de gestão ou económicos pois este clube não tem passivo. É sim pelo problema da formação de Direcções pois muitos dos seus carolas, pela idade, aposentação ou até um certo cansaço e saturação, estão desistindo de dar a sua contribuição à causa, a cada ano que passa. Este vosso escriba, embora seja continental por nascimento, comunga a tristeza de muitos que antevêem, num futuro cada vez mais próximo, o encerramento das portas deste tradicional clube da nossa comunidade que tanto tem contribuído ao longo de todos estes anos, para o disseminar e manter a cultura lusa, principalmente daquela ilha dos Açores, que foi o bastião da liberdade e da independência, nos anos de 1580 a 1582, quando perdemos a nossa nacionalidade perante a força das hostes espanholas que invadiram Portugal.
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Herman Vargas com o irmão num show espectacular
A Ilha Terceira resistiu, sem ajuda, por mais de dois anos, contra as arremetidas de Castela, mas sucumbiu mais tarde à força esmagadora de milhares e milhares de soldados da nação Espanhola. Chamam-lhe a terra dos BRAVOS mas isto não se refere só ao amor que têm pelas corridas de touros e pela bravura com que enfrentam estes animais, mas pela luta com que sempre se empenharam na defesa de Portugal quando a nossa Pátria esteve em perigo, no caso atrás referido da perda da nossa independência, mas também quando a democracia e a nossa Constituição estavam a ser espezinhadas, culminando com uma guerra civil, as lutas entre Liberais e Absolutistas, no século XIX. Foi da Ilha Terceira que partiram os bravos homens que, de armas na mão, destemidamente, sob a liderança de D. Pedro IV, desembarcaram na Praia do Mindelo e, pouco a pouco, de batalha em batalha, impuseram a Democracia e a Constituição vigente que tinha sido usurpada por D. Miguel, o nosso rei absolutista e irmão de D. Pedro. Muito respeito temos por esta gente terceirense e não gostaríamos de ver desaparecer outro baluarte daquela Ilha no seio da nossa comunidade. P'ra frente minha gente. Por Portugal e pela Constituição, parece-nos ainda ouvir o eco da voz do rei D. Pedro IV à frente das unidades militares Terceirenses, no momento das cargas. Acrescentamos: - Mostrai que sois ainda BRAVOS, povo da Terceira. Formem o tão ansiado corpo de directores que possa dar continuidade ao Lusitânia. É um apelo que aqui vos deixo!
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Herman Vargas
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