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BANDO DA PIEDADE – CARNAVAL DE 2009

Bando de 2009

O bando como é tradição
Aqui nestas bandas da Piedade
A burra morreu de coração
Não se sabia a sua idade

O carnaval está a chegar
Atenção meus senhores
Do seu corpo vai doar
Sejam pobres ou doutores

Esta tradição é um mistério
A burra não teve velório
Foi enterrada na Canada do Império
Deu dinheiro para o gasóleo

O Operador grande amigo
Quando o corpo transportava
Vão fazer bando comigo
Pensava na hora que é enterrava

A burra o corpo lhe dói
Tanta dor que chatice
Foi a máquina do Barbas Constrói
Que também chegou a crise

A burra esta muito contente
No meio de tanta desgraça
Já temos minha gente
A nossa bela Farmácia

Pois bem vai precisar
Com os caminhos desta maneira
Muita injecção vai apanhar
O alcatrão esta na britadeira

Ela que andava devagar
Suas pernas uma tremedeira
Nos nossos caminhos não pode andar
Pois são uma autêntica ribeira

Sem saber por onde ir
Deitar os pés no chão tem medo
Tanto buraco vou cair
E o bagaço no Cais do Galego

Zurrava muito afinado
Pois era uma bela catraia
Mal se passa na canada do Morgado
Não falando nos caminhos das Faias

Esta burra que morreu
Tão devota entrou em retiro
Um ataque que lhe deu
A burra do Casimiro

A buceta que ela tinha
Foi criada no Calhau
Ficava contente quando da Relvinha
Outro burro com seu pau

Batia,  batia, que alegria
Várias vezes por semana
Muitas vezes adormecia
Eram três na mesma cama

O dono dizia daqui não saias
A uma parede amarrada
Foi ali para os lados das Faias
Coitada morreu enforcada

A Burra já não mói
Não tem vontade de trabalhar
A sua pele um guarda-sol
Para o rendimento mínimo continuarem a descansar

De seu bucho se vai fazer
Uma caixa de um camião
Para em vez de bagaço, ser
Uma coisinha de alcatrão

A burra não tinha alegria
Pelo que estava a acontecer
A língua para as beatas que dia a dia
Só sabem de tudo mal dizer

Essa burra quando lá estava
Para ela estava tudo bem
Não se sabia quanto ganhava
Não prestava contas a ninguém

Ela tinha umas grandes orelhas
Parecia o prato de um radar
Há burras novas e burras velhas
Um mexerico gostam de escutar

Os seus dentes estragados estão
Já velhinhos de tanto roer
Falam de todos, não sabem o que são
E não param de no peito bater

Coitada nunca pôde escolher
O fato que usava vestido
Essa roupa não pode ser
Pois é de outro partido

A burra tinha muito que dizer
A burra tinha muito que contar
Não faças o que vês fazer
Tens muito mais para dar

Há muitos burros por aí
Que não mostram o que são
Querem tudo para si
A tudo deitam a mão                                          

Há muitos anos atrás
Já não sei quantos anos são
Era eu ainda um rapaz
A burra armou confusão

Eram todos muito amigos
Andavam sempre lado a lado
Cada um tomou seu partido
Ficou cada um para seu lado

A burra tanto coice deu
A louça ficou toda partida
No fim o que aconteceu
A freguesia não mais foi unida

A burra tinha muito ouvido
Ela muito bem que tocava
Por causa de um entendido
Quase que a burra se calava

Muita gente ficou mal
Por causa dessas tretas
Foi perto do Carnaval
Olhem a música dos marretas

Ficou fraca, abandonada,
Suas pernas a fraquejar,
Por maldade foi convidada
Para o campo inaugurar

Com a força que ainda tinha
Seu coração não estava morto
Tocando muito afinadinha
Foi há inauguração do aeroporto

Meia dúzia de gatos pintados
Cabelo preto ou cabelo branco
Muitos foram enganados
Nesta terra ninguém é santo

Se calhar vai ter continuação
Ninguém perde por esperar
Não atires pedras ao vizinho, senão
O teu telhado também se pode quebrar

A burra se é inteligente
E tem vontade de ajudar
Há por aí muita gente,
O seu papel é só estragar

Das suas tripas se vai fazer
Um cabo para microfone
Dos seus olhos a T V
Para ver escrito o seu nome

Fiz estes versos ao serão
Se ofendi alguém que me desculpe
Um abraço da Piedade do João
Para a rádio, amigo Sidónio Bettencourt

João Alves (Carocha)
4 de Fevereiro de 2009

 
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