Texto e Fotos de: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com Junho de 2009
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Massa sovada
Para quem não ouviu ainda falar de Bodo de Leite talvez não saiba ser uma das festas de cariz religioso mais antiga na Região dos Açores e cuja origem se perde desde os primeiros povoadores após a sua descoberta pelos navegadores portugueses por volta do ano de 1432 e que estão agregadas ao culto do Divino Espirito Santo e às obras das Misericórdias, esta ultima introduzida pela Rainha Isabel de Aragão, mais conhecida por Rainha Santa Isabel, esposa do nosso rei D. Dinis.
Assim, nos nossos dias, embora no Continente grande parte destas tradições de religiosidade se tenham perdido pelo correr dos tempos, exceptuando alguns lugares como sejam as festas dos Tabuleiros, em Tomar, as festas em louvor à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, o Espirito Santo, continua no seu apogeu durante as celebrações do Pentecostes naquela região insular, os Açores, e que é a oferta a todos os pobres ou pelos membros das respectivas Irmandades, de leite, massa sovada, vinho e da carne, acto bem conhecido por todos, ou por quase todos, por “pensão”.
Trajes Regionais também estiveram presentes
No caso da Ilha Terceira é onde mais se fez acentuar o Bodo de Leite, embora esta pratica já esteja disseminada pelas ilhas centrais, como a Graciosa, São Jorge, Pico e Faial, em que uma vaca acompanha o cortejo para, nos tempos já lá idos ser ordenhada no átrio da Câmara Municipal, da Junta de Freguesia ou noutro local publico. Deste modo as festividades das São Joaninas que anualmente se realizam por volta do dia 24 de Junho, feriado municipal na cidade de Angra do Heroísmo (este santo é o patrono desta cidade), está forçosamente incluído, no seu calendário de festas, um cortejo do tradicional Bodo de Leite e que este ano se realizou no Domingo, dia 28 de Junho, pelo meio-dia. Este cortejo saiu do Bairro de São Pedro, defronte dum dos seus Impérios, levando uma vaca, dezenas de figurantes com os seus trajes regionais que transportavam cestos abarrotar de massa sovada, as apreciadas rosquilhas além do leite. Não esquecendo o cariz religioso deste cortejo este incluía o andor com a imagem de Santo Antão que era acompanhado por dois padres e duma charanga composta duma meia dúzia de músicos que entoava melodias religiosas dedicadas ao Divino Espirito Santo além de umas duas centenas de pessoas que nunca perdem a oportunidade de se envolverem neste cortejo pois já é tradição absorvida de suas famílias desde os tempos de criança.
A Benção do Bodo de Leite
Ao longo deste cortejo muitas eram as centenas e centenas de pessoas que nos passeios se concentravam para ver este cortejo tão popular e querido destas gentes da Ilha da Terceira, muitos deles vindos das diversas freguesias dos dois Concelhos desta ilha.
Este cortejo terminou no Jardim Publico onde o leite e a massa sovada foi benzida pelos sacerdotes pelo que seguidamente foi servido pelos presentes que se contava pela casa dos trezentos seguindo-se de imediato dum leilão de objectos ofertados por benfeitores e cujos fundos obtidos reverterão para o Império.
O Bodo de Leite no Jardim Público
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