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Discursos proferidos no momento
da chegada de Genuino Madruga

Adiaspora.com
06 de Junho de 2009

 

Discurso de Sara Santos,
Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico

 

Ao longo de mais de quinhentos anos de existência, o Concelho e a Vila das Lajes do Pico conheceram momentos de grande emoção. O dia do regresso de Genuíno Madruga da sua segunda viagem à volta do mundo em solitário é seguramente um dos mais notáveis.
Genuíno Madruga é um herói dos nossos tempos. Saudamo-lo com carinho, admiração e orgulho.
Com carinho, porque é um homem picoense, um de nós, companheiro de tantos e tantos amigos.
Com admiração, porque apenas nos é permitido imaginar a tenacidade, a força e a coragem que é preciso ter para enfrentar durante tanto tempo os perigos e as vicissitudes de tão longa e solitária jornada.
Com orgulho, porque o nosso querido amigo Genuíno volta assim a dizer a todos nós o que significa ser lajense, picoense, açoriano.
Nunca será demais repetir que o saber técnico saído de dura aprendizagem prática e da reflexão, que a coragem e a bravura são património nosso, desde as primeiras horas nestas ilhas, passando pela grande saga baleeira e por tantos e tão variados contratempos da natureza – tudo o que fomos capazes de enfrentar de cabeça erguida e peito desafiante.
Genuíno Madruga é tudo isto – se quiserem, em três palavras apenas: engenho, inteligência, coragem.
Por tudo isto, que é tanto, meu amigo!, te saúdo e te transmito as saudações do coração de todos os lajenses!
Os açorianos em geral e os lajenses em particular, têm hoje novos desafios pela frente. A batalha pelo desenvolvimento e pelo progresso social, num mundo tão ferozmente competitivo e, hoje, em profunda crise económico-financeira, é uma batalha cada dia mais difícil. Exige de todos nós valores humanos e culturais firmes, generosidade e espírito solidário, tenacidade e ambição de melhor futuro. Nas duas viagens à volta do mundo, Genuíno Madruga teve largas oportunidades para contactar gentes e culturas singulares e estará provavelmente mais consciente do que nós, aqui, do que significa viver neste mundo. Também por isso a sua viagem a todos nos pode enriquecer – os seus conhecimentos são ferramentas que nos ajudam a tornar a nossa terra mais feliz.
Os valores que enunciei – engenho, inteligência e coragem –, a par dos de generosidade, espírito solidário e ambição de melhor futuro, devem ser hoje os nossos. Não apenas deste ou daquele, ou coisa apenas de ocasião, mas de todos nós e de toda a nossa vida. Estou convicta que o Genuíno Madruga partilha connosco estes sentimentos.
Obrigada, Genuíno, por tudo o que já nos deste com a tua vida e o teu exemplo. Regressa sempre, do alto mar ou de qualquer outro local, a esta terra que tanto te quer e te ama.
Sê bem-vindo, amigo Genuíno!
Em nome de todos os lajenses, obrigada!


 

Saudação da Presidente da AMRAA - Berta Cabral
(Associação dos Municípios da Região Autónoma dos Açores)

 

Somos uma terra de gente do mar.
Mantemos com as ondas uma relação de cumplicidade multissecular – que remonta, inevitavelmente, aos primórdios do povoamento das ilhas – num horizonte sempre igual que nos impõe um misto de temor, respeito, camaradagem, partilha, desafio e aventura.
Vencemos sempre a distância do mar por um sustento.
No final do século XVIII, os heróicos pescadores Picoenses largavam amarras desta Vila Baleeira das Lajes do Pico para travarem uma luta desigual na saga histórica da baleação.
Vencemos também a distância do mar por uma causa.
No final do século XIX, o terceirense Francisco Barreto Corte-Real atravessou o mar de Angra do Heroísmo a Ponta Delgada, num barco feito de jornais a que chamou “Autonomia”, para comemorar o decreto autonómico de 2 de Março de 1895.
Vencemos ainda a distância do mar por um desafio.
No final do século XX, o picoense Genuíno Madruga largou da Horta para a primeira volta ao mundo em solitário com sabor açoriano.
Mudam-se os tempos, mas não as vontades, e a determinação é mesmo hoje renovada e reforçada pelo risco do desafio e pelo espírito de aventura.
No limiar deste século XXI, o mesmo Genuíno Madruga – como se não tivesse já o seu nome gravado na nossa história e nos nossos corações –  consegue repetir o seu feito inédito e até superar-se a si próprio, para grande orgulho de todos nós.
Mais uma vez, honrou o bom nome do Pico, dos Açores e de Portugal nas quatro partidas do mundo.
Fez do mundo a sua casa solitária.
Fez do Hemingway a nossa causa colectiva.
Aqui nos reunimos, como outrora, à beira-mar e de olhos postos no horizonte – amigos, admiradores e familiares – na ânsia de um reencontro que tardava.
Valeu a pena!
Genuíno Madruga está, de novo, entre nós.
Como Presidente da Associação de Municípios da Região Autónoma dos Açores – mas também como sua amiga pessoal – aqui estou, com muito gosto, a recebê-lo e a saudá-lo em nome de todas as nossas Câmaras Municipais.
Seja bem-vindo aos nossos Açores, à sua própria terra!
Modesta, como sempre, para quem tem ainda fresca a memória das Américas, da África, da Ásia, da Austrália, da Europa em geral, mas com uma vantagem muito própria que compensa todas as outras – é que esta é, de facto, e finalmente, a sua terra. A sua e nossa terra firme.
Genuíno Madruga está de parabéns. E, com ele, todos os açorianos.
Que o Senhor Espírito Santo que o acompanhou no mar, nos acompanhe a todos em terra também!

 

 

Discurso do Deputado Mota Amaral na chegada

 

Viemos todos aqui hoje, sob este maravilhoso sol de Junho, para acolher de braços abertos e em festa, Genuíno Madruga, no regresso a casa, cumprida a sua 2.ª volta ao Mundo em Solitário, a bordo do veleiro “Hemingway”.
E connosco — Autoridades Representativas, Família, Amigos — estão afinal todos os Açoreanos, que justificadamente se regozijam pelo triunfo do nosso concidadão, marinheiro distinto, conhecido já e prestigiado em toda a roda da Terra.        
Damos a Genuíno as boas-vindas e os parabéns — que é bom estar de volta a casa, ao lar, doce lar, ao grato convívio de mulher, filhos e netos e outros familiares, vizinhos e admiradores, que todos justamente dele somos.
Com a sua segunda viagem de circum-navegação em solitário, percorrendo os sete mares, tocando vários continentes, inúmeros países, tansíssimas ilhas, vencendo o mítico Cabo Horn — pavor dos marinheiros! — e contornando o Cabo da Boa Esperança, onde muitos pereceram, Genuíno Madruga sagra-se definitivamente como um grande navegador, expoente digníssimo dos marinheiros portugueses do nosso Século de Ouro, que pela sua coragem desfizeram as lendas do mar tenebroso.
Para nós, Açoreanos, Genuíno, mais do que um aventureiro, é simplesmente um Herói!
Criamo-nos todos a olhar para o mar, que nos cerca, nos limita, nos amedronta, nos desafia e nos faz sonhar…
Mas poucos são os que se afoitam a lançar-se às ondas, a rasgar as águas, a penetrar noite dentro em cima delas, em plena escuridão, açoitados pelo vento, transidos pelo rugido profundo do oceano.
Genuíno é um desses — e nós, viajantes natos, como são todos os insulares, bem gostaríamos de ser como ele!
Entusiasma-nos a ideia de largar amarras, içar as velas, deixar a sombra benfazeja das nossas belas ilhas e sulcar o desconhecido, ao encontro de outras terras e gentes.
Sabemos, porém, que o mar não é sempre azul, que nem sempre está chão, que o vento não sopra sempre como brisa favorável a enfunar as velas, que não há sempre sol ou luar ou sequer estrelas, brilhando na noite e servindo de guia aos navegantes…
Genuíno andou por aí sozinho, na mais absoluta solidão, com bom e com mau tempo, torrando ao sol e pescando tranquilamente algumas vezes, noutras molhado até aos ossos pelos respingos e pela chuva torrencial, bem amarrado pelo arnês, para não ser varrido por alguma onda traiçoeira, sem poder dormir nem sequer comer, para aguentar o seu barquinho aos saltos sobre as vagas, no negrume mais total, vendo as velas a rasgar-se e o mastro partindo-se sob o rigor da tempestade inesperada, com risco de perder leme e instrumentos, senão mesmo a própria vida… — confiando apenas na mão de Deus, na ajuda poderosa do Divino Espírito Santo, em cuja fé vivem os Açores e os Açoreanos há mais de meio milénio, que o trouxe de volta são e salvo, no sábado da Festa da Santíssima Trindade.
E assim se comprova que nem todos podem ser marinheiros, muito menos, como é Genuíno, navegadores. Nem todos se podem atirar à fantástica aventura de dar a volta ao Mundo sozinhos, no limite das capacidades do homem, testando as suas resistências quase até ao fim…
Quem o consegue, destaca-se da multidão, passa a ser uma referência, um exemplo admirável, um estímulo, uma personagem da História — da nossa História, que nos identifica e projecta no futuro.
Genuíno Madruga — meu Amigo, nosso Herói, muito obrigado!

 

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