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O Sport Clube Lusitânia de Toronto
mais uma vez recordou tradições antigas

Fotos e Textos de Avelino Teixeira
Adiaspora.com


Longe são idos os dias em que no mês de Janeiro, logo pela manhã na Ilha Terceira, se ouvia o lamuriar dos suinos caminhando para o fim da vida sobre um tosco banco de madeira, e de uma forma que eu nunca concordei. Julgava, e todavia julgo, que se deveria acabar com a vida daquele indefeso animal de uma outra maneira mais rápida e eficiente, para evitar o seu sofrimento. Afinal trazia-mo-lo para casa quando ele ainda era quase um bebé, criáva-mo-lo com tanta afeição, habituava-mo-lo ao nosso chamamento enquanto o mantínhamos encurralado até quase não poder movimentar-se com o peso do seu corpo, para depois o asfixiarmos com a perda do seu sangue até à última gota. Um dia, por ter sido obrigado pelos meus familiares a assistir ao términus da vida de um desses animais, jurei que nunca mais iria às matanças em representação de meu pai.  É que naquele tempo a tradição era assim: se os pais não pudessem ir à matança do porco de um dos seus familiares, mandava o filho mais velho em sua representação. Seria mesmo uma ofensa se não comparecessem nesse dia de festa com comida à farta, que começava com o desjejum com pão, queijo e café. Hum...e como aquilo sabia bem... Era um almoço especial...e tinha naque dia um sabor diferente! Dessa tradição, para além do tal almoço, hoje chamado "pequeno almoço" que para mim é sempre a maior refeição do dia, só tenho saudade de quando à noite as famílias se juntavam no meio da casa, como se dizia naquele tempo, para fazer os bailes de roda e cantar ao som da Viola da Terra. Foi num desses dias que pela última vez ouvi a minha saudosa mãe, seus irmãos e irmãs, cantar as modas antigas, tais como o Balancé, a Campona, o Casaco, a Praia, etc,etc,etc... 

Maria e João Ficher

No passado Sábado, dia 7 de Fevereiro, deste ano de 2009, no Sport Clube Lusitânia de Toronto, não aconteceram as tais modas à antiga, mas depois de um abundante jantar, com uma ementa bem apetitosa e composta por produtos suinos bem fresquinhos, preparado pelas Senhoras Cecília Botelho, Eva Silva e Helena Silva e Margarida Linhares, assistiu-se a uma cantoria na qual se desafiaram dois terceirenses: Armindo Amarante e João Ramos acompanhados ao acordeão e Viola, respectivamente, por Duarte Neves e Alfredo Martins.

Sócios em convívio

Procedeu-se depois à arrematação feita pela encarregue da sala e directora da Comissão de Festas, Maria Ficher, uma mulher "de faca e calhau" como se dizia naquele tempo. É graças ao entusiamo e à persistência desta mulher, nascida na freguesia de S.Mateus da Calheta, Ilha Terceira, que vai  envergonhadamente pedindo ajuda ao comércio português e aos amigos, que ainda se vão fazendo estas festas bem alegres no salão mais verde da cidade de Toronto, e se mantêm as suas portas abertas. 

O fadista Manuel Silva

Leiloados aos pedaços, os dois pequens suinos oferecidos para aquele dia, com o som do DJ Nuno & Son, que também proporcionou música para dançar, uviu-se um fadista que a meu ver é de um castiço único entre nós, e reune qualidades que aperfeiçoadas poderá fazer a pele dura nos cotovêlos de outros bons fadistas a viver entre nós. Mas, como soa dizer-se "temos cinco dedos em cada mão e nenhum deles é Igual" O Fadista dá pelo nome de Manuel Silva. Tive o ensejo de o escutar pela terceira vez acompanhado por playbacks que a meu ver não estão no tom apropriado para a sua voz. É um pesar porque se não fosse por isso ele agradaria ainda muito mais aos amantes do Fado, se bem que naquela noite como sempre acontece, ele tivesse conseguido arrancar espontâneos e merecidos aplausos. Eu diria que até gritos se ouviram talvez pelo facto de ali estarem muitos terceirenses. Assim mesmo é que eu gosto, e é de tal modo que devemos agir. É tempo de imitarmos os micaelenses que defendem com garra e a todo o custo o que da sua ilha provém. 

Directores do Sport Club Lusitânia

A noite terminou, como habitualmente, com música bem ao gosto de quem sabe dar ao pé, e para digerir o jantar bem à moda da Terceira em dias de matança.

 

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