Prof. Dr. Joaquim Ponte Tavares

Sábado, dia 20 - O desenvolvimento e progresso da Vila das Lajes da Ilha Terceira, desde os finais da Segunda Guerra Mundial até à actualidade, estiveram bem ilustrados na exposição fotográfica "O Passado e o Presente", patente neste dia dedicado àquele concelho. Outro bem apreciado vídeo "Touradas à Corda", uma realização da Dra. Piedade Lalanda e RTP- Açores, trouxe aos muitos aficionados recordações várias desta modalidade tauromáquica muito do agrado dos terceirenses. Elmano Nunes Vieira, Presidente da Junta de Freguesia da Vila das Lajes, na conferência "O Passado e o Futuro da Vila das Lajes" traçou um pouco da história, das realidades sócio-económicas e potencialidades desta localidade.

Palestra proferida no 17° Ciclo de Cultura Açoriana por Elmano Nunes Vieira, Presidente da Junta Vila das Lajes

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O aeroporto internacional das Lajes veio favorecer o desenvolvimento demográfico e urbano desta região. No vídeo intitulado "Construção do Aeroporto das Lajes" pudemos acompanhar a sua edificação. Um dos pontos altos deste dia foi a magnífica prestação musical da Banda do Senhor Santo Cristo da Igreja de Santa Maria de Toronto, sob a batuta do Maestro João Soares. Nesta noite, muitos foram os apreciadores deste tipo de concerto que afluíram à sala do Sport Club Lusitânia, enchendo-a de animação e muitos aplausos pela soberba actuação. Apresentou esta Banda um repertório variado de trechos sacros e profanos, em que a música ligeira moderna se mescla com os clássicos portugueses e temas religiosos. Naquele serão, não houve quem regressasse a casa sem que tivesse saboreado as tradicionais Sopas do Espírito Santo à moda da Ilha Terceira, confeccionadas por Eva Silva e outros colaboradores, não faltando, inclusive, o pão-de-leite, oferta do Armazém Toste, e que se regou com o tão apreciado Vinho dos Biscoitos, um patrocínio da Adega Brum.


Elmano Vieira Nunes, Presidente da Junta de Freg. da Vila das Lajes

Domingo, dia 21 - O Concelho do Nordeste esteve em destaque neste dia com uma exposição fotográfica daquela região da Ilha de S. Miguel, tida por muitos como a mais florida de todo o Portugal. O programa do dia abriu com a apresentação da comitiva vinda daquele concelho, procedendo-se à leitura de mensagens dos Presidentes da Assembleia Municipal e das Juntas de Freguesia da Achadinha, Algarvia, Nordestinho e Salga. O Presidente da Câmara do Nordeste, Dr. José Carlos Barbosa Carreiro, homenageou o pioneiro, António Moniz do Couto, radicado em Laval, Quebeque, que incorporou o primeiro contingente de imigrantes portugueses para o Canadá em 1953. Esta autarca, numa intervenção subordinada ao tema "O Nordeste e O Turismo", focou a potencialidade deste lugar nos sectores hoteleiro e turístico, por possuir condições magníficas paisagísticas em que se tem tido o cuidado de integrar, de forma holística, as habitações e infra-estruturas hoteleiras, e com grande investimento na formação de profissionais para sustentáculo destas indústrias, combatendo, assim, o desemprego que tem flagelado a sua população. O vídeo "Nordeste - O Desabrochar do Turismo" veio corroborar a intervenção daquele autarca. O Folclore não podia faltar nesta semana cultural e, assim, o Grupo "Os Tradicionais" da cidade de London, Ontário, actuou e agradou. Houve, também, um breve apontamento etnográfico a cargo da Dona Olígia Rezendes, envolvendo uma dezena de participantes que recriaram um serão de antigamente. A fechar a noite, a gastronomia nordestense esteve presente com os seus deliciosos pratos típicos.


Dr. José Carlos Carreiro, Pres. da Câm. Mun. do Nordeste e Oligia Rezendes

Segunda-feira, dia 22 - A abrir a noite, a passagem de um vídeo sobre a vida do Presidente de Portugal, Dr. Teófilo Braga, um nativo da Região dos Açores, uma realização da Dra. Teresa Tomé e da RTP-Açores. Seguiu-se o lançamento do livro "Raízes Azuis" da autoria da Dra. Fátima Toste, apresentado por Urbano Silva, após que foi passado um interessante vídeo sobre o desporto nos Açores dos nossos dias, um trabalho do jornalista José Silva e da RTP - Açores. Este jornalista participou, logo a seguir, num debate com Jorge Machado, produtor do programa radiofónico local "Aguarela Portuguesa" e ex-repórter desportivo do Rádio Clube de Angra, e que contou com a intervenção de bastantes presentes. O Grupo de Música da Escola do Nordeste apresentou alguns temas do seu último trabalho discográfico "Minha Aventura". No final da noite, o queijo das ilhas e o vinho "Lajido" deliciou o palato dos presentes.


José Silva, RTP-Açores e Jorge Machado, Aguarela Portuguesa

Terça-feira, dia 23 - Dia dedicado ao Concelho da Ribeira Grande com uma exposição fotográfica alusiva àquela área da Ilha de São Miguel, tendo, também, sido exibido o vídeo "Magazine da Ilha - Ribeira Grande", numa realização de Laura Lobão e da RTP-Açores que remonta ao ano de 1998. Depois subiu ao pódio o Presidente Municipal daquele Concelho, Dr. António Pedro Rebelo Costa, com uma palestra sob o tema "Ribeira Grande e o Futuro", que foi complementado pelo documentário de título "Ribeira Grande". O autarca, após uma breve incursão pela história da região, passou a delinear os projectos que a Câmara tem, por exemplo, no campo da melhoria dos arruamentos e das infra-estruturas urbanísticas indispensáveis a um Concelho moderno e competitivo. Seguiu-se a apresentação pelo Monsenhor Resendes do livro "Em Tempo de Evangelização", numa edição da Editora Paulinas, uma obra da autoria do Reverendo Francisco Medeiros Janeiro, que presentemente exerce o sacerdócio na cidade vizinha de Hamilton.


Dr. António Pedro R. Costaa, Pres. da Câm. Mun. da Ribeira Grande

Finalmente, coube à Dra. Alzira Serpa Silva, Directora Regional das Comunidades, que, a título de encerramento do 17° Ciclo de Cultura Açoriana, dissertou sobre a temática "Os Açorianos no Mundo - Identidade e Integração" em que descreveu, resumidamente, o povoamento pelo povo açoriano de outras paragens além-mar como no sul do Brasil, E.U.A. e Canadá. Falou-nos ainda do dinamismo destes oásis da açorianidade, e do papel que estes têm vindo a desempenhar nas sociedades onde se integraram. Focou a vitalidade da comunidade açoriana de Toronto pelo vasto número de empreendimentos que aqui surgem, sendo uma das comunidades açorianas, segundo a palestrante, mais activas do mundo a nível sócio-cultural.


Dra. Alzira Serpa Silva, Directora Regional das Comunidades

"...É sempre emocionante encontrar os açorianos, encontrar, nestes espaços, tanta gente aqui irmanada pelo seu amor à terra. E gostava que este sentido de união, que todos nós temos e manifestamos em ocasiões, se transformasse numa homenagem aos que partiram, um dia, dos Açores, e que procuraram vida noutros lugares, nomeadamente aqui. E queria também dar os parabéns a esta comunidade, em particular neste momento, por desenvolver tantas actividades e mostrar a sua vitalidade em tantas manifestações. Recordo que, nesta semana, decorreu o Congresso da Mulher e está a decorrer o Ciclo de Cultura Açoriana, e também o 2° Encontro de Organizações de Serviços Sociais. Vai decorrer o Encontro de Jovens. Portanto, isto é uma prova de vitalidade extraordinária. Quando ando, e não me canso de o repetir, quando ando por outras partes do Canadá, todos me dizem: "Nós gostávamos de ter o mesmo número de Açorianos que Toronto tem. Nós aqui estamos tão longe, tão isolados, e não conseguimos fazer tantas coisas como se faz em Toronto!" Cada comunidade dá aquilo que pode, faz aquilo que pode. É facto que as comunidades têm uma vitalidade. É que todas elas têm a sua própria dinâmica, mas também é verdade que isto tem alguma razão de ser pelo número da concentração de açorianos que impulsiona esta actividade. Parabéns a todos vocês, não só aos promotores das iniciativas, mas aos que nelas colaboram e despendem o seu tempo dando o seu melhor para a (referindo-se à comunidade) tornar mais rica. Concordo com o Monsenhor Resendes quando disse que somos importantes. De facto, todos nós somos importantes, e os Açores vivem um pouco da importância de cada um dos seus naturais, de cada um dos açorianos. Os Açores, hoje, não fazem sentido se nós não atendemos ao número de açorianos, à quantidade e qualidade destes, dispersos na Diáspora. É importante que cada um interiorize, como costumo dizer e isto não é novidade para ninguém, que lá somos muito poucos. Mas temos, exactamente, alguma dimensão no mundo e somos alguém, precisamente, por causa de cada um de vós. Porque cada um de vós saiu e foi levar o nome dos Açores a uma outra terra. Isso fez com que, em cada uma dessas terras, nos sentíssemos alguém e que nós, que vivemos lá, nos sentíssemos alguém. Sentimos que a nossa presença foi mais longe do que, supostamente, e à partida se pode pensar, nove ilhas pequeninas, perdidas ali no meio do Atlântico, entre a Europa e a América

Indo um pouco aos açorianos do mundo - e afinal acabei sobre isto - Os Açorianos no Mundo, Integração e Identidade.

A emigração, como sabem, caracterizou historicamente, a vida das ilhas e a geografia que, como também sabem, e como dizia Vitorino Nemésio, marcou-nos tanto como a história. Essa emigração teve como origem o povoamento e ganhou o seu carácter sistemático a partir do sec. XVII, tendo como destino, por razões de colonização e de servir, perdoem-me a expressão, de fronteira ao avanço espanhol, designadamente no sul do Brasil..."

Mostrou-nos, por meio áudio visual, o destino da emigração açoriana, no início para o Brasil, primeiramente para o Estado do Maranhão, seguindo-se Santa Catarina e Rio Grande do Sul, não olvidando os E.U.A., Bermudas, Havai e, finalmente, o Canadá em 1953. A sua comunicação mais abordou os projectos e serviços da Direcção das Comunidades junto dos açorianos da diáspora, que, segundo a Dra. Alzira Silva, visam dar a conhecer a realidade hodierna daquele arquipélago aos que se encontram dele separados espaço-temporalmente, e à sua descendência.

O Director do Centro de Divulgação de Cultura Açoriana, Manuel de Oliveira Neto, encerrou formalmente o Ciclo proferindo algumas palavras de agradecimento aos convidados, colaboradores, participantes e a "alguns" órgãos de comunicação social.

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