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A cerimónia no Queen’s
Park:
O que o deputado Peter Fonseca não sabia...
Como sempre procuro fazer, vou cedo para estas
coisas. Como jornalista, entendeu a segurança do Queen’s
Park que eu deveria adicionar à credencial emitida na
altura uma outra da Galeria de Imprensa. E lá fui ao
familiar salão do terceiro andar para a requerer. Encontrei
velhos amigos de outros tempos e, ao saberem o que ali estava
a saber “desancaram-me” por não terem tomado
conhecimento da cerimónia que lá em baixo se ia
realizar. E não deixaram de me lembrar que, no “meu
tempo” a presença portuguesa nunca passava despercebida
no parlamento. Mais ainda: que na semana passada tinha sido
celebrada uma festa italiana e toda a gente (mainstream media)
lá estava. Será que os portugueses andam a dormir?
– espicaçaram-me.
Tanto quanto me recordo, Carlos Faria, o antecessor
– em toda a linha – de Peter Fonseca, MPP (Missisauga
East), o nosso único deputado provincial neste momento,
era cuidadoso em avisar a Galeria de Imprensa do que se passava
e os repórteres canadianos sempre apareciam, nem que
fosse para umas imagens fixas ou televisivas.
Seguiram-se os discursos circunstanciais de
alguns políticos presentes: Tony Ruprecht; Mike Colle,
Ministro da Cidadania do Ontário; Peter Fonseca, o anfitrião;
o presidente do Conselho de Presidentes da ACAPO, José
Eustáquio; finalmente uma estreante nestas andanças
do Dia de Portugal em Toronto, a Cônsul-geral Maria Amélia
Paiva, a quem me apetecia chamar Consulesa – o termo correcto,
mas ao que parece, em desuso –, com o dinamismo, clareza
e fluência com que nos começa a habituar.
Um Guarda do Parlamento, de origem portuguesa,
içou a bandeira verde-rubra, enquanto a Isabel Sinde
empenhava toda a sua linda voz na entoação de
“A Portuguesa”. A caminho da recepção
oferecida por Peter Fonseca, perguntei ao jovem deputado a razão
porque não tinha sido enviado um comunicado de imprensa
aos canadianos. Espantado, retorquiu-me não saber que
isso se devia fazer. Expliquei-lhe como se procedia. Agora,
Peter, já sabe.
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Oferecida pela Dra. Maria Amélia
Paiva
- bem concorrida a recepção no Ontario Club
Como habitualmente, a recepção
oferecida pelo Consulado Geral de Portugal no Ontario Club de
Toronto foi bem concorrida, em ambiente de fraternidade, que
nem a greve do pessoal consular – ou da sua maioria esmagadora
– ensombrou. Aliás, numa demonstração
cabal que o patriotismo está muitos furos acima do descontentamento
com a entidade patronal, a quase totalidade dos funcionários
esteve presente ao evento, como fica disso prova a foto do grupo
que, por iniciativa da Dra. Maria Amélia Paiva, fica
a testemunhar esta sua primeira participação no
evento.
Mais uma vez, a comunidade e muitos canadianos
seus amigos compareceram no dia maior de Portugal. Mais uma
vez se reencontraram pessoas que apenas se vêem de ano
a ano.
A frescura de uma cara de mulher a dirigir a mensagem aos presentes
foi a novidade maior. Por tudo o que isso representa e pela
classe com que o fez. Assim, sim!
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O içar da bandeira na Câmara
Municipal de Toronto
Também carece de uma reformulação
Muitas vezes nos referimos a isso. Mas é
preciso! A cerimónia do içar da bandeira portuguesa
na City Hall é das mais emblemáticas da nossa
presença em Toronto. Contudo, o modelo está a
ficar estafado e é necessário que o erguer das
cores nacionais tenha um apoio mais convincente em cima do palco.
Que haja poesia, que haja teatro, que haja mais que desfiles
de pendões e folclore. Estes servem para embelezar e
servir de cenário de fundo. Mas há que trazer
mais conteúdo e apresentar nesse dia o melhor que a comunidade
tem em termos culturais, no sentido mais lato do termo.
E outra coisa que sou obrigado a repetir: Tendo
a comunidade a felicidade de contar com tantas e tão
boas bandas musicais, porque razão é que nunca
nenhuma apareceu a tocar os hinos nacionais de Portugal e do
Canadá? E isto sem dispensar vozes como a da Isabel Sinde.
Uma boa banda e os luso-canadianos a entoarem “A Portuguesa”
e o “O, Canada” são indispensáveis.
Espero não ter que repetir isto. Mas se for o caso, fá-lo-ei
até que aconteça!!!
Este ano, a despeito do dia soalheiro, houve
menos gente. Gente afastada do mastro em que as Quinas subiram
bem alto. Eu sei que o patriotismo e o amor a Portugal não
esvanecem com a distância. Mas aqui nem o charco da Nathan
Philips Square se compara ao Atlântico. Lambram-se como
era giro a gente a olhar para a bandeira a subir ao som dos
hinos, como (ainda) acontece no Queen’s Park?
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Mas quem faltou não foi por causa desse
afastamento físico. Provavelmente por desencanto, por
“ser sempre a mesma coisa”, por “ter ranchos
a mais”, por...
A homenagem aos Pioneiros, no High Park
foi das mais comoventes de sempre. Bravo!
Há razões de sobra para isso.
Há laços emocionais profundíssimos para
que a cerimónia de homenagem aos Pioneiros, no High Park,
junto ao Padrão que testemunha uma presença mais
que um achamento esse deu-se à mais de 30.000 anos quando
os nossos aborígenes atravessaram a Ponte da Sibéria
para o Alaska. De ano para ano, é o dia dos que desbravaram
os caminhos e os facilitaram para os que vieram a seguir. Estou
em crer que as brilhantíssimas celebrações
dos 50 Anos de presença portuguesa (moderna) no Canadá
muito contribuíram para o renascimento desta romagem
annual e incontornável que encerra oficialmente a Semana
de Portugal em Toronto.
Mas este ano houve como que uma conjução
astral e emocional. Talvez que as palavras de improviso da Clara
Santos. Talvez que a sobriedade e indisfarçável
emoção do Laurentino Esteves. Talvez que o sentimento
da Rosa de Sousa. Ou a dor mal disfarçada do José
Eustáquio, para não falar já da eloquência,
humildade e lágrimas teimosas e altamente contagiantes
do António Sousa.Tudo isto a testemunhar a Dra. Maria
Amelia Paiva que ha cerimonias e ha cerimonias! A verdade é
que foi uma das mais lindas de sempre. Das que não precisam
de mudanças nem renovações. Ali está
tudo bem, melhor ainda se todas as associações
e clubes mandassem nem que fosse apenas um porta-estandarte.
Estavam lá muitos pioneiros e pioneiras.
Era para colocar aqui os nomes todos deles. Não o faço
propositadamente a lavrar protesto por nunca se terem mencionado
o nome real das mulheres. Bendito António Sousa que falou
pioneiras como só ele é capaz. Prometo, todavia,
fazê-lo para o ano quando elas fizerem parte integrante,
de direito e de facto, da lista de nomes anunciados. Porque
para o ano, havemos de lá estar todos outra vez!
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A romaria “profana”
no Trinity-Bellwoods Park
Quando as minhas funções exigiam
que fosse mais repórter que cronista, eu ia para o parque
quase todo o tempo. Agora já não tenho que o fazer.
Os muitos milhares de luso-canadianos que lá passaram
durante o fim-de-semana testemunharam com a sua presença
o que era importante reter. Eu fui lá fazer as fotos
sacramentais, dar uma volta pelos “comes e bebes”
e pelas barracas de venda, este ano atafulhadas de tudo o que
se pode fabricar a verde e a vermelho, por causa da febre do
“Mundial” de futebol. A ter de deixar lavrada uma
opinião, direi que foi a continuação da
parada e de tudo o que este ano caracterizou a Semana de Portugal
2006: a juventude!
Os jovens são o nosso investimento na
vida, o melhor investimento no futuro. Falando ou não
Português, integrados ou não, eles não esquecerão
mais “aquela vez em que toda a gente exibia verde e vermelho,
era eu mais jovem”. O que um dia dirão aos filhos
e aos netos, já canadianos a tempo inteiro.
Se isso acontecer, então, teremos cumprido
parcialmente a nossa missão. Mas foi uma boa romaria.
É o que aquilo é, nada mais, nada menos, que há
lugar para tudo na vida. E ali é o local certo para este
tipo de evento. Nada mais a acrescentar.
A mensagem de Cavaco Silva:
Postura política e triste realidade
Como jornalista, raramente me “seca”
a inspiração para acabar as minhas análises.
Assim fosse para como as começar. Mas desta vez, confesso,
ando há dias a debater comigo próprio como transmitir
aos que fazem o favor de me ler aquilo que sinto. Porque aquilo
que me recusei sempre a fazer foi o de embarcar no status quo,
na repetição, na prosa optimista da celebração
da nacionalidade.
E quando já desesperava eis que a mensagem
aos emigrantes do Presidente da República Portuguesa,
Professor Cavaco Silva, no seu primeiro Dia de Portugal, me
veio tirar de dificuldades. E nessa tecla vou terminar em três
tempos (que não de rapidez como o lugar-comum pode fazer
parecer). Vou terminar sim com essa mensagem, com o comentário
que o meu colega Fernando Cruz Gomes a interpretou e, finalmente,
com uma situação que noutra “vida”
testemunhei quando o agora presidente ainda era “só”
primeiro-ministro de Portugal.
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de Portugal
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