Página 1
/ 2 / 3
Primeiro tempo: Aníbal Cavaco
Silva
Comecemos pelo discurso oficial do Presidente
da República Portuguesa, proferido no Porto a 10 de Junho:
Neste Dia de Portugal saúdo todos
os Portugueses.
Esta é uma data festiva, em que Portugal se reencontra
consigo mesmo para celebrar a memória do seu Poeta maior
e para saudar as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo.
Não é preciso explicar o motivo pelo qual foi
escolhido o Porto como cidade anfitriã das primeiras
comemorações do 10 de Junho do meu mandato presidencial.
Daqui houve nome Portugal. E daqui sempre houve o que de melhor
existe na portugalidade: uma vontade granítica de triunfar,
uma frontalidade orgulhosa e leal, a indomável ambição
de ser maior. Aqui, nesta cidade do Porto, na alma livre das
suas gentes de trabalho e de palavra, residem os valores mais
perenes do País que hoje celebramos.
O 10 de Junho é a ocasião mais propícia
para Portugal se pensar como futuro. Não comemoremos
esta efeméride como um ritual passadista em que se exaltam
nacionalismos que perderam sentido no nosso tempo. E também
não vejamos no 10 de Junho o mero pretexto para uma comemoração
que, de tão repetida, corre o risco de se esvaziar de
sentido.
Temos de assinalar o Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas com uma perspectiva do passado e uma
visão para o futuro.
Recebemos a herança de um passado ilustre. Mas temos
de estar conscientes de que a melhor forma de evocar a História
é enfrentando os desafios que o País tem hoje
pela frente.
A obra de Camões traduz esse misto de orgulho pelo passado
e de preocupação pelo amanhã que deve presidir
às opções que temos continuamente de fazer.
No Dia de Portugal e de Camões celebramos o Portugal
que não se conforma com a falta de ambição
e que conhece o êxito em muitos sectores onde quis e soube
afirmar-se. O Portugal que quer olhar o futuro com determinação,
coragem e vontade de vencer.
Celebramos, também, o inestimável património
que é a língua portuguesa, partilhada por outros
sete Estados que a têm por língua oficial e que
a utilizam na sua prática política, jurídica
e administrativa, na comunicação técnica
e científica, na criação literária
e artística.
Neste dia 10 de Junho quero interpelar directamente os Portugueses,
todos e cada um, exortando-os a reflectir sobre o que desejam
e o que se dispõem a fazer pelo seu País.
Entre os Portugueses de ontem e os Portugueses de amanhã,
que papel está reservado aos Portugueses de hoje?
Na vida pessoal, na família, no trabalho, no comportamento
cívico, na atitude para com os outros, no pleno aproveitamento
dos recursos de que dispomos, temos estado à altura das
nossas responsabilidades e das gerações que nos
precederam?
Ambicionamos um País mais rico e mais justo, uma sociedade
que não seja atravessada por tantas assimetrias e desigualdades,
um território mais equilibrado no desenvolvimento de
todas as suas parcelas.
Desejamos um Portugal com recursos humanos mais qualificados,
com empresas mais competitivas, com serviços públicos
de qualidade.
Precisamos de um sistema de justiça eficiente e acessível,
a que os cidadãos possam recorrer com confiança
na celeridade e eficácia das decisões.
Desejamos, enfim, um Portugal que se reveja no melhor do seu
património histórico e cultural e que saiba, não
só preservá-lo, mas também promovê-lo
e torná-lo maior, na riqueza e criatividade das suas
manifestações.
A insatisfação colectiva, que nos levou por mares
tão longínquos, é um dos traços
mais salientes do nosso destino comum. Mas também o é
a coragem para enfrentar dificuldades. Sem ela, teríamos
ficado reféns da resignação.
Sabemos bem, e a história demonstra-o: Portugal será
essencialmente o que dele fizermos. Ninguém o fará
por nós.
Quero, pois, neste 10 de Junho, fazer um apelo aos Portugueses
a que não se resignem e que não se deixem vencer
pelo desânimo ou pelo cepticismo.
Isso seria indigno do nosso passado, um desperdício do
nosso presente e o adiar do nosso futuro.
Devemos comemorar o dia 10 de Junho com confiança nas
nossas capacidades como pessoas e como Povo, na certeza de um
futuro com mais progresso e bem-estar social.
Portugueses
Há uma certa tendência para
atribuir aos outros muito daquilo que nos acontece.
Damos a impressão de que não nos conformamos com
as coisas e, no entanto, esmorecemos na vontade de as mudar.
Acreditámos que as riquezas da Índia, do Brasil
ou da África ou que os fundos da União Europeia
seriam suficientes para trazer o progresso por que ansiávamos.
Não nos iludamos. No mundo cada vez mais interdependente,
globalizado e competitivo, vivemos cada vez mais dependentes
de nós próprios, do nosso trabalho, da capacidade
para defendermos os nossos interesses no plano externo. As condicionantes
que enfrentamos colocam-nos novas exigências, mas não
nos impedem de realizar as nossas justas ambições.
Portugal será, essencialmente, o que quisermos que ele
seja. Nem mais, nem menos; nem melhor, nem pior. É por
isso que somos uma nação livre, soberana e independente.
Ser independente é ser responsável.
E a responsabilidade implica ter uma noção clara
e exigente dos direitos, mas também dos deveres, colectivos
e individuais, sem o que a exigência e as críticas
não serão respeitadas como devem ser.
É, por isso, necessário fazer o balanço
não só do que gostaríamos de ver feito
mas também do modo como a acção de cada
um pode contribuir para que o resultado colectivo nos contente.
Foi-se instalando na mentalidade colectiva a ideia de que o
Estado é, para o bem e para o mal, a raiz e a solução
de todos os nossos problemas. Daí nasce a relação
nem sempre amadurecida e responsável que os Portugueses
têm com o Estado.
Quando, por exemplo, nos alarmamos com o insucesso escolar
dos nossos filhos, o impulso é atribuir todas as culpas
ao sistema de ensino, aos responsáveis políticos,
aos professores… Só raramente nos lembramos que
a educação é uma tarefa da escola mas é
também um dever da família, que não pode
demitir-se do seu papel essencial na educação
dos filhos e na transmissão dos valores que os devem
guiar pela vida fora, como cidadãos e como pessoas completas
e íntegras.
Queixamo-nos muitas vezes de que os serviços de saúde
são insuficientes para dar resposta às necessidades
da população com os padrões de qualidade
que outros países já alcançaram.
Mas ainda não se valoriza suficientemente o forte contributo
que podemos dar se os hábitos de consumo forem mais moderados,
e se reduzirmos os níveis preocupantes de alcoolismo,
de tabagismo ou de obesidade, que persistem mesmo entre as camadas
mais jovens da população.
O acesso a mais bens materiais não significa mais qualidade
de vida se não for acompanhado da adopção
de hábitos saudáveis e de estilos de vida que
previnam os efeitos nocivos que nenhum sistema de saúde
pode resolver.
Temos que cuidar melhor da nossa saúde para que o sistema
de saúde possa cuidar melhor de nós.
Quando olhamos indignados para as estatísticas da sinistralidade
rodoviária, que nos envergonham se comparadas às
dos restantes membros da União Europeia, exigimos do
Estado estradas seguras, forças policiais bem equipadas
e campanhas de prevenção.
Esquecemos que tudo isso jamais será suficiente se o
comportamento dos condutores não for prudente e não
tiver respeito pelas regras estabelecidas e pelos outros. Não
tenho receio de o afirmar: a atitude dos Portugueses nas estradas
é um exemplo do País que não devemos ser.
Envergonhamo-nos por persistirem, no Portugal do século
XXI, situações gritantes de injustiça e
pelo facto de a desigualdade na distribuição de
rendimento ser a maior entre os países da União
Europeia. Mas a indignação contra tal situação
devia ser acompanhada pelo rigoroso cumprimento das obrigações
fiscais e de responsabilidade solidária que cabem a cada
um de nós.
Lamentamos ainda situações de degradação
ambiental visíveis em muitas zonas do nosso País.
Mas não seremos todos também responsáveis,
por acção ou omissão, pela poluição
que invade os rios, pelo lixo que suja as praias, pela destruição
do nosso património histórico e paisagístico?
Nestes, como noutros exemplos, esquece-se a capacidade de acção
individual e alguns dos mais importantes deveres de cidadania.
São gestos simples, que estão ao alcance de todos,
e que podem melhorar muito aquilo de que hoje nos queixamos.
Como afirmei no meu discurso de tomada de posse, “todos
somos responsáveis pelo nosso futuro colectivo”.
Portugueses
Acabámos de assinalar os trinta
anos da Constituição da República. A nossa
Lei Fundamental contempla um conjunto muito vasto e diversificado
de direitos, seja no plano das liberdades e garantias seja no
plano dos direitos económicos, sociais e culturais.
Temos que assumir que a concretização desses direitos
e liberdades, nomeadamente dos direitos sociais, tem um custo.
E que o Estado só pode suportar esse custo se contar
com o contributo e a iniciativa de todos e de cada um dos cidadãos.
O Estado somos nós.
É urgente interiorizar esta pedagogia republicana dos
deveres cívicos. Se olharmos à nossa volta, encontraremos
bons exemplos de como uma forte cultura cívica é
um recurso insubstituível que, só por si, pode
determinar a diferença no sucesso e no desenvolvimento
dos países.
Olhemos, a este propósito, a diáspora
portuguesa.
As comunidades da Diáspora construíram no estrangeiro
o Portugal que aqui não encontraram.
Os emigrantes portugueses são o exemplo vivo do inconformismo
e da necessidade de adaptação que nos deve estimular
em tempo de incertezas e encruzilhadas.
Temos, além disso, o dever de acolher e integrar os que,
no respeito das leis do País, nos procuram como nova
fonte de esperança e oportunidade, os imigrantes que
chegam de outros países dispostos a lutar por uma vida
melhor.
Temos de pensar a República como uma comunidade de destino
e de futuro, feita de cidadãos livres e responsáveis.
Temos de fazer da ética da responsabilidade uma marca
integrante do espírito de todos os portugueses, sem a
qual esforço, trabalho e riqueza serão desperdiçados.
Dirijo-me especialmente aos jovens, que já vivem com
a noção do mundo global, que convivem e comunicam
sem fronteiras, e que por isso têm conhecimento pleno
de como é importante assumir e esperar dos outros uma
cultura de direitos e deveres.
Nos jovens há um capital de esperança e um ímpeto
generoso e exigente que não deve ser frustrado, antes
estimulado e enaltecido, com bons exemplos em todos os sectores
da vida nacional.
Neste Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas,
desafio os portugueses a pensar no País que queremos
e na responsabilidade de cada um.
Todos queremos deixar às gerações futuras
a herança de um país social, cultural e economicamente
mais rico, um Portugal melhor.
A comemoração do passado, num dia como o 10 de
Junho, só tem um sentido pleno se trouxer consigo a promessa
de um futuro diferente.
Neste dia de Camões, desafio os Portugueses a responder
com ambição às perguntas com que um outro
poeta, Jorge de Sena, nos inquietou:
“Que Portugal se espera em Portugal. Que gente há-de
ainda erguer-se desta gente?”
Sei que podemos responder. Portugal será o que fizermos
dele.
Disse.
Segundo tempo: Como Fernando Cruz
Gomes interpretou
(com esperança) no Portugal Clube
Escreveu o Fernando:
“Um optimista. Um descarado... optimista.
É o que eu sou. Acredito nas boas intenções
dos que as dizem ter e abjuro um certo pessimismo que vai minando
os alicerces da Nação Portuguesa. Ainda acredito
que muitas das culpas da crise em que estamos mergulhados nos
cabem a todos, enquanto povo.
“Não gostámos do Salazar.
Abjurámos o Cavaco. Quanto a Vasco Gonçalves...
nem pensar. Pedro Santana Lopes era o das “trapalhadas”.
Um senhor chamado Durão Barroso transformou-se em “fujão
barroso”. Já deitamos Sócrates pelos olhos.
No fundo... não gostamos de ninguém. E o que chega
a parecer é que a culpa dos governos deveria vir, inteirinha,
para os ombros dos Portugueses que somos.
“Quando, há uns anos atrás,
completei 50 anos de vida... dei comigo a escrever uma crónica
em que acentuava, desde logo, ter ficado com a noção
de que estava velho... porque deixei de ter tantas certezas.
Até ali... dizia o é assim, terrível
quando não provado. A partir dali passei a dizer (e a
escrever...) o penso que é assim. É terrível,
sobretudo em termos de escrita, falar apenas de ouvido, semear
a confusão nas hostes do inimigo e não poder,
logo a seguir, dizer que tudo aquilo que se diz... é
verdade.
“Vem isto a propósito da recente
mensagem de Cavaco Silva. De que, uma vez mais, dei comigo a
acreditar. Talvez exageradamente. Talvez a pensar que era ainda
um menino jornalista que não tinha ainda sofrido os tratos
de polé... pós-50 anos! Errei? – Penso ter
errado. Mas, de facto, estou farto de ver programas de Governo
– mesmo de Governos feitos por partidos que eu apoiava
– sem uma única palavra sobre a Emigração,
sem um conceito de diáspora, sem um aceno de simpatia
(ao menos de simpatia) para com os “melhores de todos
nós...” que são capazes de ser os que tiveram
a coragem de arrostar com as dificuldades de sair do País
e demandarem o mundo para sua própria valorização.
“De resto, quando se fala por exemplo
no ensino de Português – que Portugal, enquanto
estrutura governativa, está a deixar morrer, fazendo
autêntico “genocídio da Língua”
– há, pelo menos, as duas formas. A do Ensino integrado
– sobretudo em Países onde há Línguas
“mais fortes” e “mais dominantes” –
e há o outro, aquele que é ministrado pelos Clubes
e Associações, até mesmo por empresas privadas.
“Todos me merecem o maior respeito. No primeiro caso,
Vasco Santos, no Canadá, ajudou a levantar uma Bandeira...
que caiu logo a seguir, por culpa de Lisboa. No segundo caso,
Portugal dá rios de dinheiro (e é pouco) para
alguns países da Europa. Dá toneladas de livros
(e são poucas). Manda centenas de Professores (que não
chegam nem para meia missa...). Mas a verdade é que para
o Canadá, para os Estados Unidos, para a Venezuela –
para falar apenas em alguns dos países do chamado “resto
do mundo”, Portugal não manda um professor, não
manda um cêntimo, não manda um Livro. Chega a parecer
que quer mesmo praticar genocídio da Língua e
Cultura Portuguesas. E faz discriminação entre
os Portugueses da diáspora...
“Aí surge o “fenómeno”
Povo. Porque, de facto, o colega Vasco Santos ajudou a começar
um processo... que ficou pelo meio do caminho. Mas teve, noutros
domínios e noutros parâmetros, uma estrondosa vitória.
Que se anota, desde logo, e desde sempre, quando se ouve e vê
o Canadá Contacto e se “contacta” com Natasha
Santos, a sua filha. Ele, como Pai, agiu mais do que bem. Pena,
às vezes, que outros o não façam tão
bem assim.
“E isto, que não tira culpas
aos sucessivos Governos que tivemos – designadamente ao
de Cavaco Silva – deveria, pelo menos, obrigar-nos a pensar.
Que é coisa que, muitas vezes, teimamos em não
fazer...”
Terceiro tempo: o cepticismo
- Ou a experiência directa de Vasco Oswaldo Santos
Concordo com o que o Fernando Cruz Gomes escreve
sobre a mensagem de Cavaco Silva. Mas não acredito que
algo venha a constituir mais que palavreado politicamente correcto
da parte do Presidente da República. E explico porquê:
Aquando da sua visita a Toronto, na qualidade de Primeiro-ministro
de Portugal, desempenhava eu funções de assessor
de imprensa etnocultural, internacional e de terceiras línguas
para o então primeiro-ministro da província do
Ontário, Robert Keith Rae, que toda a gente no Canadá
conhece por Bob Rae.
Em nome dele, também me sentei à
mesa das negociações para a visita a Toronto,
lado a lado com o malogrado Dr. Ernesto Magalhães Feu,
recentemente falecido, na sua qualidade de Chefe do Protocolo
e das Relações Intergovernamentais do Ontário.
Pela frente, os três representantes do governo Português:
Embaixador António Martins da Cruz, assessor diplomático
de chefe do governo; Fernando Lima, assessor de imprensa de
Cavaco e o Coronel Júdice, encarregado da segurança.
Fica para contar outro dia a quasi-tragédia destas negociações.
Voltando à "vaca fria", nestas
visitas oficiais há sempre uma reunião privada
entre os dois primeiros-ministros. Bob Rae fez o favor de me
convidar para o acompanhar e secretariar o encontro. Fernando
Lima, o indigitado para acompanhar Cavaco Silva, foi à
última hora substituído por Martins da Cruz, na
sequência das "convulsões" verificadas
no processo negociado que já referi.
Como tema principal do "entretien",
o primeiro-ministro do Ontário aflorou a questão,
para ele prioritária, da falta de apoio ao ensino - ou
falta dele - da língua e da cultura portuguesa nas escolas
da província por parte do Governo Português, assunto
que conhecia muito bem. A única surpresa, que francamente
muito me intimidou, foi ele, a certa altura se virar para mim
e pedir que eu explicasse ao Prof. Cavaco Silva, a luta liderada
pela Associação dos Pais Portugueses de Toronto
(no seio das escolas públicas, nome que mais tarde os
pais das escolas católicas usurparam indevidamente para
baptizarem a sua...). Assim o fiz, de surpresa, providenciando
um relato conciso mas completo.
Cavaco Silva escutou e, outra surpresa, anunciou
de imediato que iria mandar (foi o termo exacto) ficar em Toronto
o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que
o acompanhava, Dr. Correia de Jesus, para que eu lhe entregasse
todos os dossiers referentes ao assunto. Mais ainda, concordou
com Bob Rae na constituição de uma comissão
mista, Luso-canadiana, para estudar e tentar resolver este ponto
tão importante para a comunidade portuguesa do Canadá.
O resto da reunião versou sobre assuntos gerais de política
internacional e surpreendeu-me observar o profundo conhecimento
que o primeiro-ministro português tinha deles. O seu discurso
em privado, reconheço, tinha tanto de acuidade e de observação
correcta, como de demagógico e pré-populista o
que expressava em público!
No dia seguinte à visita, Bob Rae nomeou
provisoriamente a comissão canadiana: Tony Silipo, Ministro
da Educação do Ontário; Marta Brum, sua
assessora, destacada da Direcção Escolar de Toronto
e o autor destas linhas. Mais tarde, determinar-se-ia quem seriam
os representantes da burocracia e das Direcções
Escolares pública e católica.
Como responsável pelo relato a prestar
ao Dr. Correia de Jesus, encontrei-me com ele e com o então
Cônsul-geral de Portugal em Toronto, José Manuel
Pessanha Viegas, umas duas ou três vezes. Entreguei também
fotocópias de toda a documentação reunida
durante os 10 anos em que, liderada pelos pais portugueses,
a Coligação para os Direitos Linguísticos
no Ontário (composta por delegados e pais dos sete maiores
grupos linguísticos da província) tinha levado
a efeito. Isto, até ao malogro perfidamente engendrado
por Cônsul-geral de má memória, António
Tânger Correia – outra história por contar.
Dias mais tarde, Correia de Jesus partiu para
Lisboa, informado e portador da documentação necessária
para servir de ponto de partida às futuras negociações.
Meses depois Correia de Jesus deixou a pasta
de SECP, e das promessas de Cavaco, até à data
em que escrevo estas linhas, já lá vai uma boa
dúzia de anos, nada! Nem uma simples carta dele com uma
qualquer diplomática e esfarrapada desculpa.
Ora se Cavaco e Silva nos deixou pendurados
no "pau da roupa" das suas promessas quando tinha
poder para resolver o assunto, como será de esperar que
o faça agora num cargo, quer ele queira quer não,
meramente decorativo e, aqui e ali, interrompido para vetar
uma leizita ou outra?
Fernando, por tudo isto, não acredito.
Mas continuo a apoiar solidariamente a tua esperança,
mesmo que vã. Obrigado, contudo, pelas tuas palavras.
Mas eu só cumpri o meu dever de pai e a Natasha teve
a clarividência de saber aproveitar. Desgraçadamente,
se por morrer uma andorinha não se acaba a Primavera,
também o esvoaçar de uma andorinha não
significa... Primavera!
Esta
análise da Semana de Portugal 2006
é
um patrocínio exclusivo do GRUPO BANIFF
Página
Anterior ...............
Página Inicial