VI SEMANA CULTURAL AÇORIANA NA CASA DOS AÇORES DE TORONTO

Por Carlos Morgadinho - Adiaspora.com

Decorreu em Toronto mais um evento cultural, desta na Casa dos Açores de Toronto que celebrou a sua VI Semana Cultural, isto no dia 3 a 9 de Novembro de 2002 na sua sede social no 772A Dundas Street West. Como já vem sendo habitual, o evento foi um sucesso, enriquecendo todos quantos ali compareceram com os valores culturais daquela região autónoma através de um programa rico e diversificado apresentado.

Assim, no Domingo, dia 3 de Novembro deu-se a abertura oficial daquele evento no salão nobre daquela Casa Regional com o içar das bandeiras do Canadá, Portugal e Açores enquanto se entoava os respectivos hinos. Seguiu-se o período de saudação aos convidados pelo seu Presidente do Executivo, Sr. Fernando Faria, bem como a leitura de mensagens dos Presidentes das muitas edilidades dos Açores e doutras Casa espalhadas pela diáspora que, por diversas razões, não puderam estar presentes.

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Este ano, tiveram como convidados de honra diversas personalidade da vida sócio-política da Região Açoriana e Canadiana, dos quais destacamos o Dr. Vítor Cruz, Presidente do PSD - Açores, Dra. Manuela Aguiar, deputada da Assembleia da República, Dr. José Luís Gomes, Embaixador de Portugal no Canadá, o luso-canadiano Dr. Carl de Faria, Ministro de Cidadania da Província do Ontário, o deputado provincial pelo círculo eleitoral de Fort York-Toronto, Rosário Marchese, o vereador da Câmara de Toronto o luso-canadiano, Mário Silva, o Dr. Vasco Garcia, Reitor da Universidade dos Açores, os docentes da Universidade de Toronto, Prof. José Carlos Teixeira, Dra. Manuela Marujo e Dra. Aida Baptista, além da etnomusicóloga da referida Universidade, a Dra. Judith Cohen. Contribuíram também para o enriquecimento desta Semana Regional a poetisa Adelaide Vilela de Montreal, em Quebeque, o Sr. Bill Moniz, director do departamento de Língua Portuguesa do Canal Televisivo 47 CFMT, bem como muitos artistas comunitários plásticos, artistas e musicais e artesãos, alguns destes últimos vindos expressamente dos Açores para este evento.

Após a abertura oficial com as mensagens das mencionadas entidades foi a vez das exposições de artesanato com Idalina Negalha com trabalhos em escama de peixe e casca de cebola, Hildebrando Silva com pinturas a óleo, Olígia Resendes com artesanato regional, António Franco com terços de milho de conteiro, miniaturas em madeira e ainda peneiras pintadas, peões de madeira e Arménio Soares, miniaturas de carros de bois em madeira. Décio Gonçalves, cantor oriundo da Ilha da Madeira, abrilhantou o sarau com algumas melodias bem ao sabor português. A noite culminou num Pico-de-Honra onde a gostosa gastronomia açoriana, como não podia deixar de ser, marcou saborosa presença com os seus petiscos que tanto nos agradam tais como os inhames, favas, coscorões, pão de milho, queijo da Ilha de S. Jorge, torresmos, chicharros, chouriço, morcelas e os famosos vinhos e licores da região.

Diariamente esta semana abria com uma gravação duma narração e declamação de Fernando Raposo acompanhado pelas guitarras de Gabriel Teves, Adelino Raposo e José Pereira, com o título A SAUDADE que abaixo transcrevemos:"A SAUDADE é uma constante na forma de vida do Açoriano emigrado. Espalhado pelas cinco partidas do Mundo, para onde a necessidade material e ânsia de realização humana, a ânsia de ser gente, o obrigou a partir, com ele levou a Terra querida, os seus montes e vales, lagoas adormecidas, prados ricos, colinas verdejantes, o mar infindo...E vive da Saudade. Mas vive atormentado e a cada instante sente a presença das imagens queridas, revive-as nas festas tradicionais, nas cantorias...
E lembra-se das casinhas brancas perdidas na bruma, da velha Igreja, do som dos sinos quando dão Trindades...E reza...
A sua alma de poeta, temperada pelo isolamento ilhéu e pelo mar infindo sempre à sua volta, vibra com as recordações, vibra com a SAUDADE...

Não sei que deixei na bruma
Da minha terra querida,
Saudade que não se esfuma
Alma, coração e vida.

Hei-de rezar-te meus versos
Em devota romaria,
Como o romeiro os seus terços,
Louvando a Virgem Maria.

Santa Maria a primeira,
São Miguel Laboriosa,
Depois a linda Terceira,
Logo a seguir Graciosa.

São Jorge ilha sem par,
Pico, Faial de mil cores,
Mais além no fim do mar,
O meu Corvo e as Flores.

Todas são por mim amadas
Por todas suspiro amores
Ó Ilhas abençoadas!
Minha terra dos Açores!"

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