Sexta-feira, dia 8 de Novembro de 2002

A abertura com a passagem de mais um vídeo da série "A Nossa Terra" da autoria e realização da RTP-Açores. Segue-se uma mesa redonda em torno do tema "Lost and Found - In Search of Heritage" (Perdido e Achado - à Busca de Um Legado) com jovens luso-canadianos, moderada pelas docentes da Universidades de Toronto, as Dras. Aida Baptista e Manuel Marujo.

Além das supra citadas moderadoras, aquela mesa teve a participação de Dr. César Silva, professor do ensino básico numa escola em Scarborough, que emigrou para o Canadá em 1971, tendo estudado e residido em Montreal e mais tarde em Toronto onde se encontra actualmente; Frank Alvarez, natural de Toronto e formado nos EUA, estando actualmente envolvido num projecto cientifico com o Consulado de Portugal em Toronto; Sónia Pacheco, natural da Terceira, emigrada para o Canadá com oito anos de idade, de momento a defender a tese de mestrado na Universidade de Toronto; Jennifer de Sousa, natural de Toronto, estudante do 1° ano na Universidade de Toronto; Martinho Medeiros, um rabo-peixense, formado pela Universidade de York e de Bruxelas; Terry de Oliveira, natural da Terceira, funcionária do OISE, e aluna da Universidade de Toronto; e por último, Manuel de Melo, natural de Ponta Delgada e emigrado para Toronto com 9 anos idade.

Bastante interessante o depoimento destes elementos que individualmente nos deram uma perspectiva das dificuldades e êxitos como imigrantes por esta terras. A moderadora, Dra. Manuela Marujo, agradeceu no começo a Direcção Regional das Comunidades em ter apostado com o seu programa " À Descoberta das Raízes" em educadores e activistas comunitários de conhecerem os Açores, dando uma sensibilização aos jovens, famílias e associações oriundas das ilhas para trabalhar in loco. Aquela mesa redonda abordou diversos pontos de vista, percepções e sentimentos sobre a questão da identidade, que, de resto, era a temática daquele evento. Segundo a ideia desta mesa redonda na qual cada elemento sabe em que processo é que está o desenvolvimento em relação à sua cultural. Para cada canadiano este é um assunto que merece ser analisado. Invariavelmente, cada um de nós um dia irá confrontar-se com um desafio de se ter de identificar e encontrar uma resposta que satisfaça os outros, especialmente uma resposta que satisfaça a si próprio. Não faz muita diferença se os tetravôs, avós, ou os pais vieram da Inglaterra, da França, da Turquia ou de Portugal. Todos nós, canadianos de primeira, segunda ou outras gerações, somos o produto de desenraizamento de alguém da nossa família e, ou, o produto de contactos com outros que passaram por experiências semelhantes. Quer queiramos ou não, interrogamo-nos mais cedo ou mais tarde com questões do género. Quem sou eu? Sou a língua que falo? Sou o país onde vivo? Sou o sangue que me corre nas veias? Sou parte integrante daquilo que os meus pais são? Afastei-me totalmente daquilo que os meus pais representam? Sou mais ou menos canadiano do que os outros à minha volta? Posso viver bem a minha vida sem ter necessidade de encontrar uma resposta que satisfaça aos outros? Que importância pode ter, para o meu equilíbrio mental e emocional responder a estas questões? São perguntas paralelas a esta que os convidados daquela interessante mesa redonda tentaram equacionar. Com isto foi aberto o debate com os presentes para se discutir, acrescentando a Dra. Manuela Marujo: "... E quem sabe talvez possamos sair daqui mais em paz connosco e com a sociedade que nos rodeia." Esta mesa redonda, no final, teve a intervenção do jovem Jorge Costa, natural da Ilha Terceira, residente em Toronto desde criança, sendo presentemente o Presidente da Associação Arco-Íris da cariz lusófona.

Actuou naquela noite o Rancho Folclórico Cantares e Bailares de S. Miguel, que com uma coreografia impecável, executou o baile da Povoação, Fernais da Ajuda, Chamarrita, Saudade, Baile Furado e Pézinho da Vila, esta com a participação da assistência.

O bem conhecido e popular artista Mano Belmonte cantou e encantou com a sua voz melodiosa vários trechos entre os quais dois que destacamos: Rapsódia Açoriana e Açores, Açores, Meu Lindo Açores.

A noite encerrou com um convívio servido com petiscos regionais.


Sábado, dia 9 de Novembro de 2002

Este dia viu a intervenção da Dra. Judith Cohen, uma etnomusicóloga e professora da Universidade de Toronto, que apresentou um interessantíssimo trabalho subordinado ao tema "Ver, Ouvir e Cantar os Açores." A Dra. Cohen tem desenvolvido um trabalho de recolha valiosíssima das raízes musicais luso-galaicas, tendo-se deslocado aos Açores onde foi ao encontro das populações junto das quais gravou uma compilação dos cantares seculares daquela região.

Seguiu-se o lançamento do livro "Versos e Universos" da autora Adelaide Vilela, uma luso-canadiana residente em Montreal. Após do qual se deram as cerimónias de encerramento desta VI Semana Cultural Açoriana e um convívio com os presentes onde a gastronomia regional esteve em destaque.

Bom trabalho desta Casa em prol da cultura da região Autónoma dos Açores, que foi abrilhantada por oradores de destaque e artistas comunitários, além, que não podíamos olvidar, do artesanato e a culinária admirável das Ilhas de Bruma. De todos que contribuíram para aquela semana cultural, vai um respeito muito especial às voluntárias que estiveram bem activas nos bastidores, na cozinha, sendo elas Irene Moniz, Jorgina Oliveira, Glória de Úlisse e Angelina Labão. A estas o nosso muito obrigado.

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