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DIA 4 – 31 de Junho –
O que se pode qualificar de um dia variadíssimo, mas
cheio de desporto-rei, quase que a meio-dia de distância
da Alemanha. Dois jogos dominavam os nossos interesses: o Portugal-Inglaterra,
claro, e o Brasil-França por questões de coração
e solidariedade para com os homens do escrete “canarinho”.
Em termos futebolísticos foi um dia agridoce. Eliminar
a Inglaterra é sempre muitíssimo agradável,
nem que se ja a pontapés de grande penalidade (o que
aconteceu) mas, e sobretudo, para calar a mal-cheirosa bocarra
dos tablóides britânicos, capazes de invocar o
Papa para culpabilizar as suas próprias incapacidades.
Num jogo que iria fazer correr muita tinta, Ricardo, o nosso
guardão, foi o herói, fez história no “Mundial”
ao defender aquelas 3 batatas dos “bifes” que regressaram
aos balneários e à Velha Albion com a cauda entre
as pernas como convém a gente de mau-perder. Quanto ao
Brasil, bom, isso é outra história... Segundo
Ronaldinho, não o deixaram jogar como sabe. Não
os galeses mas um tal de Parreira, sucessor de Scolari a quem
não chega ao mais baixo piton das chuteiras. Tá
tudo dito!
Clube Português do Espírito
Santo de Easton
Mas aqui nesta abençoada Califórnia
havia festa rija em Easton. É que apesar de tanta geração
passada os descendentes lusos, mormente açorianos, já
embutiram culturalmente o mapa religioso local com as festas
ao Divino Espírito Santo, da Paróquia de Easton,
com desfile-procissão organizada pela associação
local do Divino. As sopas, após o desfile, são
lautamente servidas à moda da Terceira e do Pico. E são
centenas os fiéis que acorrem a elas num ambiente de
fraternidade como raramente se vai já vendo.
As fotos que acompanham este texto são bem eloquentes.
Mas aqui tem de se abrir espaço para mencionar os nossos
amabilíssimos anfitriões, os amigos Manuel Fontes,
oriundo da Terceira, e José Fontes, do Pico, dignos representantes
da Sociedade Portuguesa do Divino Espírito Santo de Easton.
Duas “fontes” que jorram amabilidade de ilhas diferentes
mas iguais na arte de bem receber.
Um pouco à semelhança do desfile do Divino, que
em Agosto atravessará as ruas de Fall River, na costa
leste, é um misto de procissão tradicional intercalada
de motivos agrícolas e pecuários, afinal de contas
a maior riqueza local e aquela em que os luso-canadianos desempenham
papel de primordial importância.
Os carneiros na procissão
Dia 5 – 1 de Julho –
Outra jornada – não foram todas? – memorável
para os repórteres. Saída de Fresno pela manhã
em direcção à fabulosa cidade de São
Francisco, à qual nenhum abalo telúrico consegue
tirar um micronésimo de beleza.
Mas foi, sobretudo, o que se foi vendo pelo
caminho que atravessa comunidades agrícolas de grande
importância como Firebaugh, centro produtor de algodão.
Depois são as áreas de agricultura imensa de merced
County, Mercy Springs, San Luis e outras tantas. Pela primeira
vez vimos a planta do algodão e dos espargos. Pomares
a perder de vista que são atravessados pela estrada.
Gilroy, a capital do alho, imagine-se!
Planta dos Espargos
Mas a grande surpresa, surgida no meio de nada, em “nenhures”,
como diria a nossa colega Natasha Santos, do Canadá Contacto,
leva nome de portuga: Trata-se de uma daquelas paragens obrigatórias
que existem em todas as grandes estradas norte-americanas, sobejamente
conhecidas por camionistas e viajantes esparsos, incluindo os
grandes bandos de motociclistas como o que encontrámos:
Casa de Fruta. Assim mesmo, em português sonante ainda
que ligeiramente pouco ortodoxo na preposição.
Casa de Fruta
Este local fica junto do Pacheco Pass, uma
nesga de acesso entre montanhas, ao que parece descoberto por
um antepassado nosso, e que se tornou uma das portas de franqueio
para as caravanas vindas do leste com colonos para estabelecimento
no território.
Celeiro antigo em Gilroy
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