Sábado, dia 27 de Agosto (continuação)
Gostaríamos de congratular os pais de
um pequeno dançarino que não deve ter mais de
quatro anos de idade que desfilava integrado, cremos, no Rancho
Clube Juventude Lusitânia, bem trajado e que dançava
acertadamente com os outros membros do seu grupo os quais
eram muito mais velhos, de 7 aos 15 anos, sendo muito aplaudido
pelos espectadores. De coreografia impecável, muito
sério pois estava bem compenetrado na responsabilidade
do seu trabalho, dava-nos a sensação de um “homenzinho”.
E era-o, mas com um “H” grande.
........
Este cortejo etnográfico terminou,
por volta das 13:30 horas, no Park Kennedy defronte do Império
onde se encontravam muitas mesas repletas de massa sovada
e uns largos milhares de litros de leite que foram distribuídos
por todos os presentes. Antes da cerimónia da distribuição
perante os convidados de honra e o Bispo de Angra, D. António
de Sousa Braga, foram entoados, pela jovem cantora Catarina
Avelar, os hinos nacionais dos Estados Unidos da América
do Norte e de Portugal, bem como o Hino do Divino Espírito
Santo. A Dra. Berta Cabral, Presidente da Câmara Municipal
de Ponta Delgada/São Miguel/Açores, uma das
individualidades vindas dos Açores este ano, para estarem
presentes nestas festividades, que é peculiar nestas
Grandes Festas que se vêem realizando desde 1980 porquanto
a grande maioria das comunidades portuguesas radicadas na
Costa Leste dos Estados Unidos da América do Norte,
conhecida por muitos por Nova Inglaterra, é, inegavelmente,
de origem açoriana, na sua breve alocução,
junto do Império, aquela autarca “agradeceu à
Comissão de Festas o convite que lhe foi formulado”,
acrescentando, ao mesmo tempo, “sentir muito orgulho
e satisfação por estar presente naquela Festa
onde se concentraram tantos portugueses e seus descendentes”.
A terminar aquela sua intervenção a Dra. Berta
Cabral salientou “o trabalho excelente da RTP-Internacional
como elo de ligação não só entre
Portugal e as Comunidades Portuguesas na Diáspora como
também entre essas mesmas Comunidades”.
Às 14:00 horas deu-se inicio às
actuações, no palco, dos diversos ranchos folclóricos
de Nova Inglaterra, Açores e Canadá tendo terminado
pelas 14:30 horas para dar lugar às arrematações.
Pelas 18:00 até às 21:15 horas foi a vez das
Bandas do Senhor Santo Cristo de Toronto, Filarmónica
Portuguesa de Montreal, Banda Lira Portuguesa de Brampton,
todas do Canadá, e a Sociedade Filarmónica Progresso
do Norte de Rabo de Peixe, de São Miguel, de se exibirem
e cujas actuações atraíram centenas de
espectadores. Paralelamente, pelas 18:00 até às
19:15 horas, foi tempo de teatro com a actuação
do Grupo de Teatro Popular “Os Carolas”de Vila
do Porto, Ilha de Santa Maria Açores, com cenas alegres
nas futura instalações do Museu do Espírito
Santo (antiga Igreja de São Luís) cujo edifício
serviu também para exposições não
só de fotografia como de diversas peças de arte.
Pelas 21:15 até ao encerramento, pelas
23:00 horas, actuaram no palco do Park Kennedy, com mais de
três mil espectadores a encherem aquele espaço
reservado para os apreciadores dos nossos artistas, a “nossa”
Otília de Jesus, de Toronto, e o Jorge Silva, este
da Califórnia, ambos agradando plenamente a quantos
enchiam aquele local. O Jorge Silva, uma bonita voz que desconhecíamos
até então mostrou o seu brilhante talento em
interpretações com temas de vários artistas
brasileiros e do popular Tom Jones, na canção
Dalila.
Terminada a noite fomos de imediato enxotados
para fora do Park pela polícia de segurança
enquanto fechavam as luzes deixando aquele Park totalmente
às escuras e que nos fez lembrar o triste Apagão
que nos atingiu dois anos atrás aqui em Toronto. E
já que estamos a falar da polícia e do seu trabalho,
bastante difícil e perigoso para quem porventura desconheça,
gostaríamos de focar uma atitude da Policia de Fall
River que nos chocou bastante: foi que durante a actuação
do programa de folclore, um elemento do público que
assistia aquele festival e mostrava ser retardado mental se
deliciava, pelas suas expressões, dançando sozinho
fora do palco enquanto os ranchos ali actuavam. E na verdade
aquele dançarino que indubitavelmente estava fora do
programa oficial, embora até tivesse muito ritmo e
jeito para aquela arte talvez melhor do que alguns que conhecemos,
foi escoltado por dois polícias para fora do recinto.
Estivemos quase uma hora a poucos metros dele e nada temos
a apontar-lhe para receber tal castigo pois, quase que juramos
nada ter feito que pudesse ofender (ao que nos pareceu era
mudo) os espectadores ou até que interferisse com os
ranchos que actuavam. Não sabemos o “crime”
?? aquela aparente inofensiva criatura tenha cometido em público
para ser “injectado” para longe do recinto. Não
nos digam que, para aqueles lados de Fall River, ser diminuído
mental é sinal de marginalizado! Outra aberração
que não gostaríamos de deixar passar sem a apontar
foi durante a actuação da nossa Otília
de Jesus, onde diversas crianças cujas idades oscilavam
entre os sete e os treze anos, se divertiam brincando com
pistolas, metralhadoras e espadas de plástico imitando
as guerras e os tiros, as rajadas e as explosões das
granadas com a boca. E continuaram fazendo esta algazarra
mesmo quando a nossa Otília de Jesus desceu do palco,
enquanto cantava, para estar junto do público, com
os miúdos correndo e “disparando” à
volta dela. Agora compreendo o porquê de tanta violência
na pátria do Tio Sam.
Antes da Meia-noite lá regressamos
ao Hotel a fim de repousarmos de um dia bastante excitante
e turbulento. No entanto, durante aquela noite no Hotel Ramada
Inn, um caso bastante grave se passou mas que infelizmente
não teve repercussões de maior mas que teve
a intervenção da polícia local na detenção
de dois cidadãos dos EUA, que ali se encontravam hospedados.
Ao que sabemos tratavam-se de dois jovens jogadores de uma
Liga de Basebol, talvez com idades compreendidas entre os
16 e 19 anos, que mostrando aparentemente sinais de intoxicação,
começaram a causar distúrbios nos corredores
daquela unidade hoteleira, querendo inclusivamente forçar
a entrada nos quartos onde se encontravam os elementos femininos
mais jovens da Banda do Senhor Santo Cristo, pontapeando nessas
portas enquanto gritavam obscenidades. Alguns dos jovens masculinos
da nossa Banda tentaram sem êxito acalmar aqueles elementos
exaltados acabando por trancar as respectivas portas, protegendo
desta maneira as suas colegas da Banda. Infelizmente, estes
nossos jovens, acabaram também por ser alvo daqueles
arruaceiros, inclusivamente, sofrendo ameaças de assalto
físico que só não se chegou a concretizar
por, entretanto, alguns elementos adultos da Banda terem-se
barricado nos quartos com os jovens e alguém, da nossa
caravana, ter então alertado a recepção
do Hotel que, de imediato, chamou as autoridades pondo assim
um ponto final na situação com a detenção
de dois elementos daquele grupo de jovens atletas amricanos,
embora, segundo nos contaram, houvessem mais elementos implicados...
É de espantar que um Hotel de renome
mundial não tenha a tecnologia instalada nos seus edifícios
a fim de registar algo de anormal que se passe dentro das
suas instalações como sejam câmaras de
vídeo, alarmes silenciosos nas suas portas que dão
para o exterior ligados a um centro de controlo ou até
patrulhas de elementos de segurança já que aquele
hotel tem corredores recortados onde elementos criminosos
se podem acoitar e também existirem outras entradas
sem ser as portas principais ligadas directamente para a recepção.
Cá por nós de certeza absoluta que não
iremos mais para aquela unidade hoteleira na nossa próxima
visita a Fall River pela quase inexistência de segurança
que nos oferece. Não estamos lá muito interessados
em sermos estatística de algum crime que nos possa
bater à “porta”.
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