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Três mojitos para quebrar o
gelo: Manuela, José e Vasco
3º. Dia – Sábado,
12 de Agosto – A nossa primeira grande jornada
da visita. Deparou-se-nos um serviço de autocarro gratuito,
que faz de vaivém entre os hotéis locais (só
dois estavam a precisar de ser servidos, e na mesma estrada).
Um autocarro sai pelas 9h30 da manhã até ao centro
histórico de Havana, junto ao canal de acesso ao porto
de mar, e regressa pelas 13h00. O segundo serviço, sai
do hotel pelas 14h30 e regressa pelas 18h00. Todavia, informando
o motorista, pode-se ir de manhã e regressar pelas 18h00,
passando o dia em Havana. Esta a modalidade que escolhemos pois
era imperativo fazer uma visita completa, a pé.
La Bodeguita del Médio
Fomos direitinhos à praça da
catedral, de onde sai uma ruazinha, a Calle Empedrado, onde
se situa La Bodeguita Del Médio, poiso certo do prémio
Nobel da literatura, Ernest Hemingway, um escritor americano
que fez de Cuba sua segunda casa e não se deixou influenciar
pelas pressões que as autoridades do seu país
lhe quiseram impor aquando do triunfo da revolução
Cubana. Com outro grande nome da poesia, o cubano Nicolás
Guillén, celebrizaram o ‘mojito’* aí
divinamente preparado. E foi também esse o ponto de encontro
para uma guia perfeita, na pessoa da Dra. Manuela Sarilho, adida
à Embaixada de Portugal em Cuba, cuja simpatia, conhecimentos
e paciência para connosco foram essenciais para tornar
este nosso dia inesquecível, por extremamente agradável.
Até nos fez esquecer o calor e humidade abominável
que se abate entre as 13 e as 18h00, pelo menos...
Entre o velho e o novo...
A dois passos, uma breve visita à catedral,
muito pouco frequentada por fiéis mas com bastante movimento
turístico. De interior austero e pobre em comparação
à ostentação que sabemos ser denominador
comum a templos desta importância, merece todavia uma
visita obrigatória por crentes ou agnósticos.
É de estilo barroco, colonial, e a subida à torre
do sino – com dois pisos – feita numa escada de
caracol estreita, merece o esforço pelo panorama que
se vislumbra do topo. É também um local para tomada
de fotos mais elaboradas.
Catedral de Havana
A zona velha de Havana, declarada pela UNESCO
como património da humanidade, é uma área
protegida, já bem remodelada mas ainda em obras. Com
a maior parte das ruas destinadas a peões, é um
mundo de descoberta. Especialmente porque os turistas se mesclam
com os locais e porque é o lugar indicado para a compra
de artesanato mais sofisticado, acesso a bancos, bares, restaurantes
e lojas que há anos não existiam. Já se
vão vendo algumas boutiques de cadeias ocidentais mas
o acesso a estas é feito com pesos CUC, os preços
são pouco acessíveis às classes menos privilegiadas.
Mas são artigos das nossas sociedades de consumo que
nada têm a ver com o regime cubano.
Manuela Sarilho e José Ferreira
no campanário da Catedral
Só que, mesmo para turistas –
e eu falo das livrarias onde dantes me perdia e comprava montes
de livros a um peço baixíssimo – até
a Plaza de Armas onde se encontram ‘bouqinistes**’
está quase que fora de questão pelos preços
praticados. É certo que se pode sempre regatear. Mas
é tempo que se perde para quem não tem muito e
que há de gastar da forma mais proveitosa.
Hotel Ambos Mundos onde Ernest Hemingway
residiu em Havana
Pelas famosas ruelas pejadas de povo e de grande
azáfama, visitámos a bela Plaza de São
Francisco de Assis, as artérias Obispo, Compostela, Cuba,
Havana, Chacón, Amargura e O’Reilly, prenhes de
história passada e recente. A grande surpresa foi a Dra.
Manuela que nos proporcionou, levando-nos a um café que
está a dias de abrir, mas que teve a sua inauguração
oficial pelo então presidente da República Portuguesa,
Dr, Jorge Sampaio, e o líder cubano, Comandante Fidel
Castro. No seu interior, de um belíssimo art deco,
está decorado com um painel dominante de azulejos com
a caricatura do nosso grande romancista, Eça de Queirós,
que de 1872 a 1874, foi cônsul de Portugal em Havana.
No exterior existe uma placa descerrada pelos dois chefes de
estado. As mesas lembram as de A Brasileira do Chiado ou do
Nicola, em Lisboa, de tampo de mármore redondo. A diferença
está num pátio interior mourisco, de belo e acolhedor
recorte, poço e fontanário.
Escriba assediado por multidão
de habaneras...
Depois de uma refeição tipicamente
cubana, com arroz de feijão (moros y cristianos) e carne
de porco, outra caminhada até ao Capitólio, à
enorme praça e ao refrescante jardim, a visita às
relíquias automóveis dos anos 50, que ainda circulam
a despeito de terem motores a diesel, na maioria.
Café de Eça de Queirós
Já a meio da tarde, encalorados mas
felizes, um passeio até ao mar, pela maravilhosa Avenida
de Las Misiones, em direcção ao Parque Máximo
Gomez e à famosa marginal havanesa, conhecida por Malecón.
Um pouco antes, chamada por questões de serviço,
a despedida da nossa maravilhosa companheira, a quem queremos
ver em breve visitando Toronto. Não esqueças,
Manuela, o convite é para ser aceite!
Placa comemorativa
Ainda com uma caloraça de respeito,
fomos fotografar a beira-mar, os banhistas junto ao paredão,
o imponente forte e farol do Parque Morro-Cabaña, uma
referência na margem direita do canal de acesso ao porto
e à zona industrial de Guanabacoa, um bairro operário
por excelência a lembrar o Barreiro da margem sul do Tejo,
frente a Lisboa.
Apanhados no Capitólio, à
porta dos Correios!
A fazer horas para o autocarro, ardendo de
antecipação pelo ar-condicionado que nos refrescaria,
embrenhámo-nos ainda pelo autêntico bazar de artesanato,
conhecido pelo Tacón. Tudo tempo aproveitado ao máximo
para beber o ambiente desta maravilhosa cidade que é
a capital de Cuba.
“Praia” do Malecón
– La Habana Vieja
Recolha cedo, que o calor fez os seus efeitos!
Mas não sem travar conhecimento com outros hóspedes
com que haveríamos de confraternizar mais até
ao fim da semana. Cavaqueio ameno, licores deliciosos e uns
charutos puros fumados na noite cálida.
Forte e Farol El Morro
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*Bebida típica de
Cuba, com sumo de limão, açúcar, rum branco
e hortelã esmagada antes de se adicionar um pouco de
água gaseificada e cubos de gelo.
**Barracas ou estaminés
de livros, normalmente usados ou antigos, a preços acessíveis,
muito populares em Paris, à beira da margem esquerda
do Sena e no bairro de St. Germain-des-Prés (quartier
Latin).